Bloomberg Línea — Nas últimas semanas, países europeus como Itália, Suíça e França, além dos vizinhos Dinamarca, Finlândia e Noruega, anunciaram flexibilizações em suas restrições impostas por conta da pandemia de covid-19.
O movimento acontece em meio ao aumento das taxas de vacinação nos países, bem como diante de uma situação “manejável” nos hospitais, apesar do aumento de transmissões da doença.
Neste cenário, começa a ser discutido se a covid-19 não será mais encarada com uma pandemia e começará a ser tratada como uma endemia. Mas qual a diferença?
A mudança na nomenclatura tem a ver com a estabilidade nas estatísticas relacionadas à doença.
Em uma endemia, há uma quantidade esperada de casos e mortes relacionadas à enfermidade, em um local e época do ano específicos. Esses números, contudo, tendem a se manter estáveis, ou seja, não aumentam nem diminuem.
Com o forte aumento das contaminações, contudo, o quadro evolui para uma epidemia (se o problema for localizado em uma região) ou para uma pandemia, caso a crise se alastre por diversos continentes, como foi o caso da covid, declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em março de 2020.
Em entrevista ao jornal O Globo recentemente, Marta Díez, presidente da Pfizer no Brasil, disse esperar que, com a ampla vacinação da população, a pandemia de covid seja cada vez mais leve; “a doença vai estar lá e vamos aprender a viver com ela”.
Isso, contudo, não significa que a covid acabou. O número de casos segue em alta no mundo em meio à forte transmissibilidade da variante ômicron. Vale destacar também que muitos territórios ainda não estão completamente vacinados.
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Durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro deste ano, o médico Mike Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, afirmou que “provavelmente nunca vamos eliminar esse vírus. “Depois da pandemia, ele se tornará parte de nosso ecossistema. Mas é possível acabar com a emergência de saúde pública.”
Ele reforçou, entretanto, que endemia não é sinônimo de algo positivo. “Ela só significa que a doença ficará entre nós para sempre. O que precisamos é diminuir a incidência, aumentando o número de pessoas vacinadas, para que ninguém mais precise morrer [de covid]”, completou.
E o que muda com isso?
Nos países europeus que passaram a classificar a covid como uma endemia, a expectativa é de que caia a maioria das restrições impostas nos últimos dois anos.
De forma geral, deixará de ser obrigatório o uso de máscaras, tanto em locais abertos quanto fechados, não será preciso mostrar o comprovante de vacinação e aglomerações estarão liberadas, sem limitação.
Na Suécia, por exemplo, a limitação de público em eventos ao ar livre, bem como horário estipulado de fechamento para bares e restaurantes deixarão de existir a partir desta quarta (9).
“É hora de abrir a Suécia novamente”, disse a primeira-ministra Magdalena Andersson. “A pandemia não acabou, mas está a caminho de uma nova fase”, completou.
A Nova Zelândia e a Austrália também anunciaram que vão abrir suas fronteiras para turistas vacinados, nos primeiros passos dois anos após o fechamento por conta da covid.
Em um discurso no Parlamento em 19 de janeiro, o primeiro-ministro Boris Johnson disse que por conta do avanço da vacinação, medidas mais brandas poderão ser adotadas na região.
“À medida que a covid se torna endêmica, precisaremos substituir os requisitos legais por conselhos e orientações, de modo que as pessoas infectadas com o vírus sejam cuidadosas umas com as outras”, disse.
Além da retomada do trabalho presencial e da não obrigatoriedade do comprovante da vacinação, Johnson citou ainda a não obrigatoriedade do uso de máscaras, que passará a ser opcional.
“E em breve chegará um momento em que poderemos remover completamente a exigência de auto-isolamento - assim como não impomos obrigações legais às pessoas de se isolarem se tiverem gripe”, afirmou.
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