Bolsonaro agora culpa governadores por alta dos combustíveis

Em discurso no Rio Grande do Norte, presidente afirma que preços cresceram por causa do ICMS cobrado nos estados

Em discurso no Rio Grande do Norte, Bolsonaro culpa governadores por alta nos preços
09 de Fevereiro, 2022 | 12:33 PM

Bloomberg Línea — Depois de responsabilizar as administrações petistas pela alta do preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (8) que a inflação do setor é resultado do ICMS cobrado pelos estados.

O imposto federal está congelado desde que eu assumi, em janeiro de 19. Já o estadual, não. Quase dobrou o preço. Alguns vão dizer que o percentual não mudou, só que eles cobram no preço final da bomba. Vocês sabiam que há cinco ou seis semanas o preço do álcool vem caindo [na refinaria]? E não na bomba não diminui. É culpa do dono do posto? Não, é dos governadores, porque eles cobram imposto levando em conta não o preço do etanol lá na usina, mas o da bomba, um preço médio que é feito a bel prazer do governador”, disse, em discurso em Jucurutu, no Rio Grande do Norte.

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Ontem, em Pernambuco, Bolsonaro disse que a alta dos combustíveis era resultado das administrações petistas que endividaram a Petrobras.

No discurso de hoje, atacou a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT). “Pergunta quanto a governadora cobra de ICMS aqui. Eu não tenho poder de chegar na Petrobras e falar ‘tá congelado o preço’, ou ‘diminui o preço do combustível agora”, disse.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, estava no palanque com o presidente. Marinho foi eleito deputado em 2018 pelo PSDB do Rio Grande do Norte e havia especulações sobre suas intenções de concorrer ao governo. Em dezembro, no entanto, se filiou ao PL, novo partido de Bolsonaro, e disse que será candidato a senador.

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Por que isso é importante: O Nordeste é a região onde Bolsonaro sofre maior rejeição e onde o ex-presidente Lula apresenta os melhores resultados nas pesquisas de opinião. De acordo com o Datafolha, Lula tem 60% das intenções de voto nos nove estados da região, enquanto Bolsonaro tem 15%.

No Rio Grande do Norte, onde o presidente discursou hoje pela manhã, não é diferente. Segundo pesquisa da Sensatus encomendada pela Band e divulgada em dezembro do ano passado, Lula tem 57,4% das intenções de voto no estado. Bolsonaro, 21,2%.

A governadora Fátima Bezerra é candidata à reeleição e também aparece como favorita na disputa em todos os cenários analisados.

Segundo a mesma pesquisa da Sensatus, Fátima tem 27,2% das intenções de voto. O segundo colocado, o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT), tem 6,7%.