Bloomberg Línea — Depois de responsabilizar as administrações petistas pela alta do preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (8) que a inflação do setor é resultado do ICMS cobrado pelos estados.
“O imposto federal está congelado desde que eu assumi, em janeiro de 19. Já o estadual, não. Quase dobrou o preço. Alguns vão dizer que o percentual não mudou, só que eles cobram no preço final da bomba. Vocês sabiam que há cinco ou seis semanas o preço do álcool vem caindo [na refinaria]? E não na bomba não diminui. É culpa do dono do posto? Não, é dos governadores, porque eles cobram imposto levando em conta não o preço do etanol lá na usina, mas o da bomba, um preço médio que é feito a bel prazer do governador”, disse, em discurso em Jucurutu, no Rio Grande do Norte.
Ontem, em Pernambuco, Bolsonaro disse que a alta dos combustíveis era resultado das administrações petistas que endividaram a Petrobras.
No discurso de hoje, atacou a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT). “Pergunta quanto a governadora cobra de ICMS aqui. Eu não tenho poder de chegar na Petrobras e falar ‘tá congelado o preço’, ou ‘diminui o preço do combustível agora”, disse.
O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, estava no palanque com o presidente. Marinho foi eleito deputado em 2018 pelo PSDB do Rio Grande do Norte e havia especulações sobre suas intenções de concorrer ao governo. Em dezembro, no entanto, se filiou ao PL, novo partido de Bolsonaro, e disse que será candidato a senador.
Por que isso é importante: O Nordeste é a região onde Bolsonaro sofre maior rejeição e onde o ex-presidente Lula apresenta os melhores resultados nas pesquisas de opinião. De acordo com o Datafolha, Lula tem 60% das intenções de voto nos nove estados da região, enquanto Bolsonaro tem 15%.
No Rio Grande do Norte, onde o presidente discursou hoje pela manhã, não é diferente. Segundo pesquisa da Sensatus encomendada pela Band e divulgada em dezembro do ano passado, Lula tem 57,4% das intenções de voto no estado. Bolsonaro, 21,2%.
A governadora Fátima Bezerra é candidata à reeleição e também aparece como favorita na disputa em todos os cenários analisados.
Segundo a mesma pesquisa da Sensatus, Fátima tem 27,2% das intenções de voto. O segundo colocado, o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT), tem 6,7%.