Bloomberg Línea — O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (8) que a alta dos preços dos combustíveis é resultado dos governos petistas.
”Ao longo de 14 anos, a Petrobras (PETR4), por desvios e projetos malfeitos, enfrentou endividamento de R$ 900 bilhões. Vocês estão pagando essa conta no preço do combustível na bomba”, declarou, em discurso em Salgueiro (PE).
Bolsonaro está em viagem pelo Nordeste para inaugurar trechos das obras de transposição do Rio São Francisco. À tarde, vai a Jati, no Ceará.
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POR QUE ISSO É IMPORTANTE: O Nordeste é onde Lula tem a maior dianteira sobre Bolsonaro. Segundo pesquisa Datafolha, o petista batia o atual presidente, nos nove estados da região, por 60% a 15% das intenções, em dezembro, data do último levantamento. Na média nacional, segundo o instituto, Lula teria 48% contra 22%.
O discurso de Bolsonaro é uma tentativa de descolar seu governo da alta no preço dos combustíveis. Entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021, a gasolina e o diesel subiram 49% e 48%, respectivamente.
Favorito nas pesquisas de opinião para as eleições deste ano, o ex-presidente Lula tem culpado Bolsonaro e a atual política da Petrobras pela inflação dos combustíveis.
Desde o início do governo Temer, a estatal tem feito os preços do mercado interno acompanharem o preço internacional do barril. Como o preço do barril encontra-se num ciclo de alta no exterior e o real perdeu valor frente ao dólar, preços na bomba dispararam.
A saída encontrada pelo governo Bolsonaro para tentar reduzir o valor dos combustíveis, sem alterar a política de preços da Petrobras, é uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para desonerar os combustíveis.
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Segundo dados divulgados pela empresa, a Petrobras fechou 2018 com dívida bruta de US$ 96 bilhões e chegou ao terceiro trimestre de 2021 com dívida bruta de US$ 48,1 bilhões.
PANDEMIA: Em Pernambuco, Bolsonaro também voltou a afirmar que foi impedido de enfrentar a pandemia pelo (STF) Supremo Tribunal Federal.
“Fizemos o menos traumático. No que foi possível fazer, enfrentamos a pandemia. A mim não coube ou não couberam as medidas contra a Covid. Esse poder foi delegado a estados e municípios pelo Supremo Tribunal Federal”, disse.
Na verdade, a decisão do Supremo estabeleceu que a União tem tanta responsabilidade quanto os estados e municípios para adotar políticas de enfrentamento à pandemia e que atos do governo federal não poderiam limitar a atuação de prefeitos e governadores. A decisão foi tomada na Ação DIreta de Inconstitucionalidade 6341.
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Em seu discurso de hoje, Bolsonaro também voltou a criticar as políticas de isolamento social, recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como medida eficaz de enfrentamento à pandemia.
“Quando determinaram que vocês ficassem em casa, e aqui tem muitos de vocês que vivem da informalidade, do emprego humilde, sem carteira, sem estabilidade, iam fazer o quê em casa? Muitos trabalhavam durante o dia pra levar um prato de comida para a família. Foram jogados ao esquecimento. Lockdown, fique em casa, toque de recolher. A vida continua, porra”, discursou.
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