Bloomberg — A retirada parcial das tarifas sobre metais que o ex-presidente Donald Trump impôs ao Japão é mais um esforço de seu sucessor Joe Biden para restaurar as relações dos Estados Unidos com um grande aliado — e contrabalançar uma China mais poderosa.
Biden herdou uma rede global de alianças abaladas à medida que Trump repetidas vezes questionou o valor dessas parcerias para os EUA, embora muitos considerem esses laços cada vez mais importantes diante da crescente riqueza e do poder militar dos chineses.
“Em primeiro lugar, você trata aliados como aliados”, disse o embaixador dos EUA no Japão, Rahm Emanuel, em entrevista nesta terça-feira (8). “Em segundo lugar, começa a contribuir para o clima e apoia um sistema baseado em regras, reconhecendo que forças que não são de mercado, como a China, causaram estragos.”
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O acordo sobre tarifas de aço vem em momento em que os EUA buscam redefinir seu papel na política comercial na Ásia, após Trump rejeitar a Parceria Transpacífico, que os EUA haviam liderado no passado.
A China aderiu à Parceria Econômica Regional Abrangente, que é um grupo menos exigente, e agora busca acesso à Parceria Transpacífico (conhecida pela sigla em inglês TPP). Já Biden forneceu poucos detalhes sobre um arcabouço econômico Indo-Pacífico que visa fortalecer laços regionais.
Biden agiu rapidamente para mostrar que o Japão é prioridade e enviou secretários de Defesa e Relações Exteriores a Tóquio como parte de sua primeira missão no exterior. O esforço para estabilizar as relações vem após Trump ameaçar impor mais medidas punitivas às exportações de automóveis do Japão, além de exigir que o país asiático pagasse até cinco vezes mais para hospedar tropas americanas, acusando o governo japonês de não bancar a segurança nacional.
“O senhor Biden e seu entorno sempre criticaram o posicionamento comercial do senhor Trump”, disse Ichiro Fujisaki, que já foi embaixador do Japão nos EUA “Acho que já era hora de começarem a tomar providências para compensar.”
Emanuel é próximo de Biden e já foi prefeito de Chicago. Ele assumiu o posto no mês passado, encerrando um período de dois anos e meio sem embaixador no Japão após a partida de William Hagerty, aliado de Trump que depois foi eleito senador.
A escolha de Emanuel, conhecido por fazer uma política agressiva, gerou temores de novos atritos. Mas desde que chegou a Tóquio, ele postou no Twitter demonstrações de apoio dos EUA ao Japão em questões como a disputa territorial com a Rússia e fotos dele com pessoas do alto escalão do governo japonês.
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