Bradesco tem queda no lucro apesar de expansão forte no crédito

Resultado do banco ficou abaixo das estimativas dos analistas do consenso Bloomberg

Octavio de Lazari, presidente-executivo do banco:  balanço mostra força comercial, especialmente nos canais digitais
08 de Fevereiro, 2022 | 07:40 PM

Bloomberg Línea — O Bradesco (BBDC4) teve lucro líquido recorrente de R$ 6,61 bilhões no quarto trimestre de 2021, resultado 2,8% menor do que o obtido no mesmo período do ano anterior e também abaixo das estimativas médias dos analistas de R$ 6,97 bilhões do consenso Bloomberg. O intervalo de projeções variava de R$ 6,84 bilhões a R$ 7,32 bilhões.

Segundo o banco, o desempenho foi resultado do crescimento das receitas nas operações com os clientes, incluindo prestação de serviços, junto com a redução das despesas com provisão para devedores duvidosos e despesas menores.

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A margem financeira total do Bradesco, que inclui as operações de crédito, atingiu R$ 10,283 bilhões no último trimestre do ano passado, volume 1,8% superior aos R$ 9,672 bilhões do quarto trimestre de 2020. Já as despesas com provisões de crédito recuaram 6,2% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, somando R$ 4,283 bilhões, resultado da melhora no ambiente econômico, segundo o banco.

Mesmo com a expansão do crédito, o Bradesco destaca que as despesas com provisões melhoraram em todos os períodos comparativos com 2020, “refletindo a boa qualidade das safras” e a melhora na análise e concessão de crédito.

“O balanço foi sólido e mostra nossa força comercial, especialmente nos canais digitais, que são cada vez mais preponderantes no balanço”, disse o presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari Jr, por nota, destacando a recuperação da economia com o arrefecimento da pandemia ao longo do ano.

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As receitas com serviços e tarifas atingiram R$ 8,864 bilhões no período, pouco acima dos R$ 8,717 bilhões de um ano antes, refletindo uma certa estabilidade ao longo de 2021.

Canais digitais

Na divulgação de resultados, o Bradesco destacou o avanço dos canais digitais, que foram responsáveis por 98% das transações realizadas pelos clientes. O Next, banco digital do grupo, atingiu 10 milhões de clientes. A produção de crédito por meios digitais já significa 30% da carteira, segundo o banco. No ano passado foram originados R$ 88,2 bilhões por esse meio, um crescimento de 36% em relação a 2020.

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No crédito, a chamada carteira expandida totalizou R$ 812,66 bilhões em dezembro - expansão anual de 18,3%. As operações para pessoa física cresceram em um ritmo maior, de 23,2%, enquanto que para empresas foi de 15,3%.

“Com a acentuada aceleração das operações de pessoas físicas, principalmente financiamento imobiliário, cartão de crédito e crédito pessoal/consignado, proporcionada pela recuperação gradual dos negócios e flexibilização das restrições da pandemia, ultrapassamos a marca de R$ 800 bilhões no portfólio de crédito em 2021″, disse o banco.

Guidance

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Para 2022, o banco espera um crescimento na carteira de crédito entre 10% e 14%, enquanto a expansão das despesas operacionais se situe no intervalo entre 3% e 7%. Para as receitas com serviços e tarifas, o banco projeta crescimento de 2% a 6%.

“Continuaremos a fazer mais com menos, apostar na eficiência, ser responsável e disciplinado com o orçamento. Nosso propósito será entregar um outro balanço saudável e relevante”, disse o presidente-executivo na nota. “Somos realistas, o cenário é adverso, mas sabemos navegar contra o vento e temos instrumental seguro para lidar com ele”, disse.

Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.