Bancos veem Selic acima de 12% após ata do Copom

Documento sinalizou que vários aumentos ainda estão por vir na taxa básica brasileira

Bancos elevam perspectivas para juros após ata do Copom
Por Maria Eloisa Capurro
08 de Fevereiro, 2022 | 03:22 PM

Bloomberg — Os bancos de Wall Street elevaram suas projeções para a taxa básica de juros do Brasil ao final da campanha agressiva de aperto monetário do país, depois que os formuladores de política monetária sinalizaram que vários aumentos ainda estão por vir.

JPMorgan Chase & Co. (JPM), Bank of America Corp (BAC) e Barclays LLC. (BCS) agora veem altas de juros em março e maio, com a Selic chegando a 12,25%, de acordo com relatórios de pesquisa publicados nesta terça-feira. O Itaú Unibanco (ITUB4), o maior banco do Brasil, vê os custos de empréstimos chegando a 12,50%.

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As estimativas revisadas vêm horas depois que o banco central do Brasil divulgou a ata de sua última reunião de política monetária, sinalizando que o atual ciclo de aperto deve ser “mais restritivo” do que o cenário base em que as taxas de juros aumentam para 12% no primeiro semestre de 2022. Aumentos adicionais em um ritmo mais lento são apropriados daqui para frente, eles escreveram sem se comprometer com um tamanho específico.

“A incerteza particularmente alta em torno dos preços de ativos e commodities importantes, bem como o estágio do ciclo de aperto, levaram o Comitê a julgar mais apropriado, neste momento, não sinalizar o tamanho de seus passos futuros”, escreveram membros do conselho na ata da reunião de política monetária de 1º a 2 de fevereiro.

Os formuladores de políticas liderados por Roberto Campos Neto aumentaram as taxas em 1,50 ponto percentual na semana passada, estendendo um ciclo de aperto que agora totaliza 875 pontos base, o maior entre os principais bancos globais após a pandemia. O banco central enfrenta pressões inflacionárias persistentes, mesmo com a maior economia da América Latina lutando contra a recessão.

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O que os economistas da Bloomberg dizem:

Três mensagens importantes emergiram da ata da última reunião de política monetária do banco central brasileiro. Primeiro, haverá vários aumentos nas taxas nos próximos meses. Em segundo lugar, as autoridades veem a Selic subindo acima do nível de consenso. Finalmente, se a inflação de curto prazo cair devido a medidas que têm um custo fiscal, isso garantiria taxas de juros ainda mais altas, e não mais baixas. -- Adriana Dupita, economista do Brasil

Os contratos de swaps de taxas de juros com vencimento em janeiro de 2023, que indicam expectativas sobre a política monetária no final do ano, subiram 16 pontos base nas negociações do início da tarde, com os investidores avaliando as chances de um ciclo de aperto ainda mais longo.

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“Há uma probabilidade menor agora de que o ciclo termine em março”, disse Mirella Hirakawa, economista da AZ Quest Investimentos em São Paulo.

Bens industriais

As autoridades dos bancos centrais veem a inflação acima de sua meta tanto neste ano quanto no próximo em meio a preços de bens industriais persistentemente mais altos e com aceleração dos preços de serviços, escreveram na ata.

A inflação anual provavelmente atingiu 10,4% em janeiro, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg com economistas antes da divulgação de dados de quarta-feira. Analistas também veem aumentos de preços ao consumidor acima da meta de 3,50 este ano e 3,25% em 2023.

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À medida que o banco aumenta as taxas para domar as expectativas de inflação, corre o risco de prejudicar uma economia que entrou em recessão no terceiro trimestre. Embora alguns indicadores-chave, como a produção industrial, tenham mostrado sinais de recuperação, a maioria dos analistas vê o PIB (Produto Interno Bruto) crescendo apenas 0,3% este ano, à medida que os gargalos das cadeias de suprimentos permanecem.

Na ata, os formuladores de política monetária escreveram que a agricultura e a reabertura do setor de serviços estão impulsionando a atividade. “No entanto, os índices de confiança divulgados desde a reunião anterior continuam se deteriorando e os desenvolvimentos climáticos afetaram as projeções para importantes safras agrícolas”, escreveram.

Ao mesmo tempo, as preocupações fiscais dos investidores estão se destacando à medida que o governo de Jair Bolsonaro pondera uma proposta para reduzir os preços dos combustíveis, o que provavelmente aumentaria o estresse nas contas públicas, ampliaria as expectativas de inflação e enfraqueceria o real. O candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva também sinalizou que seu programa será focado no aumento dos gastos públicos.

Na ata, os formuladores de política monetária citaram incertezas sobre o futuro da estrutura fiscal do Brasil.

“O Comitê observa que mesmo as políticas fiscais que têm um efeito baixista sobre a inflação no curto prazo podem causar uma deterioração nos prêmios de risco do país, aumentar as expectativas de inflação e, consequentemente, ter um efeito ascendente na inflação prospectiva”, escreveram.

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