Por que algumas pessoas não pegam covid? Estudos tentam desvendar mistério

Pesquisadores procuram decifrar os principais motivos em meio à alta transmissibilidade da variante ômicron

Segundo estudos, ausência de contaminações pela covid pode acontecer por diversos fatores, como infecções prévias e até genética
07 de Fevereiro, 2022 | 04:17 PM

Bloomberg Línea — Em meio à forte transmissibilidade da variante ômicron da covid-19, está cada vez mais difícil encontrar quem ainda não foi contaminado. Mesmo assim, alguns têm cantado vitória ao desviarem da infecção dois anos após o início da pandemia.

Mas o que explica isso? A pessoa tem um sistema imune, pura sorte ou só não está fazendo teste para descobrir? Segundo pesquisadores, essa não infecção pela covid pode acontecer por diversos fatores, seja por infecções prévias ou até genética.

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Estudo divulgado recentemente pelo Imperial College London, no Reino Unido, mostra que pessoas com níveis mais altos de células T (um tipo de célula do sistema imunológico) estimuladas pelo coronavírus do resfriado comum são menos propensas a serem infectadas com SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19.

“Ser exposto ao vírus SARS-CoV-2 nem sempre resulta em infecção e estamos ansiosos para entender o porquê”, disse Rhia Kundu, principal autora do estudo e pesquisadora do Instituto Nacional do Coração e Pulmão do Imperial College.

“Descobrimos que altos níveis de células T pré-existentes, criadas pelo corpo quando infectadas com outros vírus humanos, como o resfriado comum, podem ter efeito de proteção contra a covid.”

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Isso porque, em comparação com os anticorpos, as células T tendem a sobreviver por mais tempo no corpo e podem matar as células infectadas, prevenindo doenças graves.

Veja mais: Covid longa: estudo identifica fatores que podem prolongar a doença

Peter English, ex-presidente do comitê de saúde pública da Associação Médica Britânica, escreveu em comentários publicados pelo Science Media Center, do Reino Unido, que essas células também tendem a atacar uma gama mais ampla de patógenos relacionados do que anticorpos, o que permite um maior grau de proteção cruzada entre diferentes vírus ou cepas.

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No entanto, Kundu reitera que, “embora esta seja uma descoberta importante, é apenas uma forma de proteção, e ninguém deve confiar apenas nisso. Em vez disso, a melhor maneira de se proteger contra a covid é ser totalmente vacinado, inclusive recebendo a dose de reforço”.

Mesmo vírus, mas reações distintas

Outro aspecto que tem sido estudado recai sobre as reações à doença, que variam de pessoa para pessoa. Isso porque, enquanto alguns têm fortes sintomas, outros nem sabem que estão infectados.

Em entrevista à rede americana CNBC, Danny Altmann, professor de imunologia do Imperial College London, disse que uma pesquisa sobre imunogenética (basicamente a relação entre genética e sistema imunológico) e infecção por covid-19 está sendo conduzida e deverá ser publicada em breve.

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Os resultados até agora, contudo, mostram que variações entre os sistemas imunológicos das pessoas “fazem a diferença, pelo menos se você tem ou não doença sintomática.”

A pesquisa está focada em diferentes genes HLA (antígeno leucocitário humano) e está analisando como eles podem afetar a resposta à covid, com alguns tipos de HLA mais ou menos propensos a experimentar uma infecção sintomática ou assintomática, disse.

“Os principais genes que controlam sua resposta imune são chamados de genes HLA. Eles são importantes para determinar sua resposta ao encontrar o SARS-CoV-2. Por exemplo, pessoas com o gene HLA-DRB1*1302 são significativamente mais propensas a ter infecção sintomática”, acrescentou Altmann.

(Com informações da Bloomberg News)

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.