Bloomberg — Precisamos falar sobre alimentação e emissões de gases de efeito estufa. Devemos fazê-lo com cautela, pois as palavras são importantes.
O consumo de carne está afetando o planeta. As florestas estão sendo derrubadas para abrir espaço para o gado pastar. A cada ano, uma única vaca pode arrotar até 220 libras (aproximadamente 100 kg) de metano – gás de efeito estufa muito potente. O setor empresarial está tentando resolver o problema criando alternativas confiáveis, desde a Impossible Foods e até carne cultivada em laboratório.
No entanto, um novo documento do World Resources Institute, organização sem fins lucrativos com sede em Washington, sugere que, a curto prazo, pode haver uma maneira mais fácil de modificar o comportamento e reduzir o consumo de carne: um simples aviso no cardápio.
O World Resources Institute pediu a 6 mil americanos que comem carne a escolher entradas em uma simulação de pedido on-line. A maioria dos participantes recebeu um entre 10 modelos de aviso. Estes incentivaram o consumo de mais plantas ou menos carne, enfatizando vários benefícios, como melhoria da saúde e um planeta mais sustentável. Na fase seguinte do teste, os 10 avisos foram reduzidos a cinco.
O aviso mais bem-sucedido resultou o dobro de pedidos de refeições sem carne em comparação ao grupo de controle: 25% em relação a 12%. Eis a declaração:
Cada um de nós pode fazer uma diferença positiva para o planeta. Trocar apenas uma refeição com carne por uma à base de plantas economiza emissões de gases de efeito estufa equivalentes à energia usada para carregar seu telefone por dois anos. Pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença.
O poder sugestivo vem de duas partes do aviso, segundo Edwina Hughes, chefe do programa Cool Food Pledge do WRI, que deve tirar do papel as constatações do teste. Primeiro, segundo ela, “sabemos que cumprir as normas sociais pode ser um poderoso motivador”. Pesquisas sociais já demonstraram que lembretes educados e oportunos de comportamentos socialmente responsável podem reduzir significativamente muitas coisas – desde o uso de energia até o descarte do lixo e o furto de toalhas em hotéis.
Segundo ela, a outra parte foi oferecer aos leitores “um resultado pessoal com o qual eles poderiam se identificar ao adaptá-lo às suas vidas. As pessoas entendem a ideia de carregar um telefone”.
O próximo passo será testar as mensagens não apenas em cobaias humanas, mas também em pessoas que realmente comem fora.
No estudo, os pesquisadores também descobriram que descrever vegetais com uma linguagem evocativa e instigante, geralmente reservada para carne, como “assado no bafo”, incentiva a troca. Os leitores do menu responderam bem a palavras que enfatizam o sabor nas opções vegetarianas, como “caramelizado” e “condimentado com especiarias”.
Mas Hughes diz que é importante ter cuidado ao categorizar as opções sem carne. Quem come carne pode se afastar quando há muita ênfase em termos como “vegetariano” ou “vegano”. “Eles pensam imediatamente ‘isso não é pra mim’”, disse.
Então, desenvolvedores de cardápio, lembrem-se de mencionar a caramelização!
--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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