Inflação, balanços e geopolítica lançam incertezas aos mercados

Bolsas europeias vão de menos a mais desde a abertura; nos EUA, predomina a queda entre os futuros de índices

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Barcelona, Espanha — Esta semana todos os olhos estarão postos em uma variável que há tempos tem assumido o protagonismo nos mercados: a inflação. O Índice de Preços ao Consumidor de janeiro dos Estados Unidos, para o qual o mercado projeta algo em torno dos 7,3% - mais alto que os 7% da leitura anterior -, será divulgado na quinta-feira.

A expectativa geral é de que os preços se suavizem a partir de abril, quando se esperam melhoras nos gargalos da cadeia de abastecimento e nos preços de energia. Qualquer nível acima disso gerará mais tensão com respeito à política monetária do Federal Reserve (Fed), agora mais pró alta de juros.

Como se comportam os mercados

O índice europeu Stoxx 600 flutuava entre os campos positivo e negativo após sua maior série de perdas semanais em quase um ano. Nos EUA, os contratos indexados aos índices de bolsa recuavam após o salto de sexta-feira em Wall Street. A Peloton Interactive Inc. disparava nas operações prévias à abertura das bolsas depois de informar que está explorando opções de aquisição.

Os prêmios dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos, que na sexta-feira superaram 1,90%, a maior taxa desde 2019, subiam ligeiramente. Na Europa, títulos equivalentes avançavam (o título alemão de 10 anos marcava um yield de 0,247%). A dívida europeia, a que mais se beneficiou do estímulo monetário para aliviar os efeitos da pandemia, sente a pressão com o fim das ajudas dos bancos centrais - que abre a perspectiva de menor liquidez. O petróleo bruto, que girava em torno dos US$ 92 por barril, passou a cair.

Variáveis que movem os mercados

📈 O relatório de empregos divulgado na última sexta-feira pelo governo norte-americano mostrou um mercado de trabalho bastante forte, com a oferta de vagas superando as estimativas mesmo com os contágios por covid-19. Diante destes números, alguns analistas passaram a apostar em mais de cinco aumentos de 0,5 ponto percentual nas taxas do Fed em 2022 para conter a inflação.

🇪🇺 Na Europa, o membro do Conselho de Administração do Banco Central Europeu, Klaas Knot, disse que espera um aumento da taxa já no quarto trimestre. O BCE na semana passada tomou uma posição agressiva, com a presidente Christine Lagarde não mais excluindo uma alta de juros este ano – hoje a mandatária fala em um evento.

⚠️ No mais, tensões geopolíticas – como a que envolve a Rússia – adicionam volatilidade aos negócios.

📊 E, claro, a safra de balanços será acompanhada com lupa. Estes são alguns dos resultados programados para esta semana: Pfizer, BP, BNP Paribas, Disney, L’Oréal, GlaxoSmithKline, Uber, Toyota, The Coca-Cola Company, PepsiCo, AstraZeneca, Philip Morris International, Linde, Siemens, Unilever, Crédit Agricole, Société Générale, Twitter e Credit Suisse.

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🟢 As bolsas na sexta-feira: Dow (-0,06%), S&P 500 (+0,52%), Nasdaq (+1,58%), Stoxx 600 (-1,38%), Ibovespa (+0,49%)

Após uma venda maciça de ações de tecnologia na quinta-feira, el resposta aos resultados decepcionantes da Meta, controladora do Facebook, a Amazon veio em socorro e impulsionou os mercados acionários dos EUA. Durante a sessão, a Amazon adicionou US$191 bilhões em valor de mercado, um recorde histórico nos EUA.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Crédito ao consumidor (Dez)

Europa: Alemanha (Produção Industrial/Dez)

China: PMI de serviços e composto (Jan)

Japão: Índice de Indicadores Antecedentes (Dez)

Bancos centrais: Discurso da presidente do BCE, Christine Lagarde

América Latina: Brasil (Boletim Focus; Vendas de Veículos/Jan); Feriado no México

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-- Com informações de Bloomberg News