Conheça a 1ª companhia brasileira a pedir registro de IPO em 2022

Catarinense Senior Sistemas, que tem filial na Colômbia, contratou o Itaú BBA como coordenador líder da operação

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São Paulo — A Senior Sistemas, sediada na cidade catarinense de Blumenau, é a primeira companhia a pedir registro de oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em 2022. No ano passado, neste mesmo período, seis empresas já tinham aberto capital na B3. O movimento dominante agora é o oposto: 14 companhias desistiram de ofertas em 2022.

Fundada há 34 anos, a Senior Sistemas atua na criação e desenvolvimento de soluções de software (SaaS) para gestão empresarial, como sistema ERP (Enterprise Resource Plannning), principalmente nos setores de manufatura, agronegócio, construção civil, entre outros. A Senior Sistemas diz que, no fim de 2021, tinha cerca de 10 mil empresas como clientes, incluindo sua filial na Colômbia (1,1 mil clientes).

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No último dia 1º de fevereiro, a empresa protocolou minuta do prospecto da operação, que tem como coordenadores o Itaú BBA (líder), o BTG Pactual, o Morgan Stanley e o Santander Brasil.

Segundo o documento, a companhia pretende usar os recursos da oferta primária para ampliação de sua participação nos seus mercado de atuação e para potenciais aquisições de empresas consideradas estratégicas.

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Ao detalhar como pretende ampliar sua participação nos mercados em que atua, a companhia cita iniciativas como a realização de investimentos no seu portfólio de produtos e pesquisa, estratégias de marketing e vendas, realização de investimentos na ampliação dos times de produtos e tecnologia da companhia, lançamento de novos produtos e funcionalidades e pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.

Em 2021, a companhia registrou lucro líquido de R$ 103,374 milhões e uma receita líquida de R$ 582,5 milhões, com EBITDA de R$ 162,031 milhões. A oferta terá distribuição primária e secundária, com esforços de colocação de ações junto a investidores estrangeiros. A Senior pede para ser listada no Novo Mercado da B3.

No prospecto, a companhia diz que cresce organicamente desde 2001 por meio da abertura de novas filiais em nove estados brasileiros (SC, PR, RS, SP, PE, MG, MT, MS e RJ) e no Distrito Federal e uma filial na Colômbia e por meio de 100 canais de distribuição que comercializam e prestam suporte/serviço às suas soluções. “Possuímos um relevante track record em aquisições e investimentos por meio de 25 operações desde 2011, das quais 18 se referiram a operações de M&A realizadas e 7 consistiram em investimentos em startups”, cita o prospecto.

Na Colômbia, a companhia adquiriu em 2021 a Novasoft SAS, que atua em desenvolvimento de software para ERP e Recursos Humanos. Segundo o prospecto, a Novasoft apresentou uma receita líquida de R$ 21,3 milhões em 2021, um avanço de 45,5%.

O software de gestão de pessoas da Senior Sistemas, o HCM, tem integração, por exemplo, com o Wiipo Flex, da sua fintech Wiipo (serviços financeiros e benefícios corporativos integrados), cartão de bandeira Mastercard que busca reunir todos os benefícios oferecidos por uma empresa aos colaboraadores.

A Senior Sistemas destacou, no prospecto, outras duas operações de aquisições: a Mega Sistemas Corporativos S.A., que desenvolve software com foco no setor de construção, e a Zero One Tecnologia de Informação Ltda., que adota o nome comercial de Obra Prima e atua em desenvolvimento de software para gestão de pequenas e médias construtoras.

Avenidas de crescimento

Em novembro, ao divulgar o resultado do terceiro trimestre, a companhia apresentou suas principais avenidas de crescimento indicando as seguintes frentes: estratégia de M&A, diversificação de segmentos, investimento em novos negócios, digitalização e transformação digital.

“Um pilar importante para o crescimento da organização é a aquisição de empresas. Só em 2021, foram 4 aquisições, incluindo a abertura dos negócios para o mercado internacional a partir da América Latina, com a compra da empresa colombiana Novasoft. O objetivo é diversificar receita e expandir mercado em um país que possui a terceira maior economia da América Latina. Esse movimento viabiliza novas oportunidades de negócios na região Andina”, citou em material divulgado à imprensa.

Desde 2011, a Senior diz que já adquiriu 24 empresas e que o objetivo é o domínio do market share de segmentos estratégicos em que já atua. É o caso das aquisições da GKO e Alcis, realizadas em 2021. Ambas são do setor logístico, área em que a Senior já possui capilaridade. A estratégia de M&A deu à Senior também uma maior escalabilidade através da atuação dos canais. De 80 canais, a companhia passou para 150, ampliando a atuação geográfica.

Em 2020 a empresa lançou a Wiipo, primeira fintech da companhia, voltada a serviços financeiros e benefícios para empresas e pessoas. Em menos de 2 anos de atuação, a fintech movimentou mais de R$ 450 milhões em boletos emitidos, segundo a companhia. Recentemente a empresa liberou para o mercado o X Platform, uma plataforma de inovação low-code, que permite a criação de aplicações mirando o desafio de transformação digital das empresas. Além de assinaturas eletrônicas e robôs, a X Plataform conta também com recursos para criação de processos automatizados com BPM, exploração de dados com data analytics, gestão de conteúdo, gestão de documentos e rede social corporativa.

Desistências

Os bancos envolvidos na operação da Senior Sistema não quiserem fornecer informações adicionais sobre a oferta. Na minuta do prospecto, há a indicação de que a companhia pretende realizar a operação ainda neste ano. O pedido de registro de IPO da empresa catarinense representa a retomada do noticiário sobre planos de abertura de capital no país, em meio à narrativa de previsões pessimistas para a economia brasileira em ano eleitoral.

Neste ano, 14 empresas já formalizaram desistência de realizar sua abertura de mercado, citando principalmente a piora das condições do mercado de capitais, verificada desde o terceiro trimestre de 2021. O recente movimento de valorização do real, com o dólar comercial se afastando do patamar acima de R$ 5,70 e flertando com o piso psicológico dos R$ 5,00 , sugere um certo alívio momentâne nos temores com um cenário de descontrole da inflação.

  1. Cerradinho Bioenergia (3/2)
  2. Holding Verzani & Sandrini (28/1)
  3. Madero (24/1)
  4. ISH Tech (24/1)
  5. Cantu Store (18/1)
  6. Coty (17/1)
  7. Fulwood (18/1)
  8. Cencosud (14/1)
  9. Claranet (13/1)
  10. Vero (10/1)
  11. Monte Rodovias (6/1)
  12. Ammo Varejo (6/1)
  13. Dori Alimentos (6/1)
  14. Environmental ESG (6/1)

Em 2021, o Brasil fez 46 IPOs, que movimentaram R$ 63,6 bilhões, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). O volume foi 46,9% maior do o registrado em 2020 (R$ 43,5 bilhões). Já os follow-ons (emissões subsequentes à inicial) totalizaram R$ 64,5 milhões em 26 operações no ano passado.

No começo de 2022, o apetite externo por ações de empresas brasileiras deu sinais de melhora. Em janeiro, o Ibovespa acumulou valorização de 6,98%, com um saldo de investimento estrangeiro totalizando R$ 32,5 bilhões, a segunda maior entrada líquida mensal desde ao menos 2008. Gestores de recursos têm repetido de que os ativos do país estão muito baratos em dólar, o que estaria incentivando uma maior aposta nas ações do pregão da B3. Os investidores estrangeiros respondem por mais de 1/4 dos negócios de compra de papéis na Bolsa. Quando “gringo entra comprando com força”, como dizem alguns operadores, impulsionam as cotações e, consequentemente, os ganhos dos acionistas.

Na última quarta-feira (2), Bloomberg Línea perguntou ao presidente do conselho de administração do Santander Brasil, Sergio Rial, sobre o interesse dos investidores estrangeiros em uma nova janela de IPO no país. Ele respondeu que o Brasil está “extremamente barato” no exterior e que a janela de ofertas iniciais pode ser reaberta ainda neste primeiro semestre, dependendo das condições do mercado. O Santander é um dos bancos que mais se engajam como coordenadores de IPOs no Brasil.

Nos EUA, havia expectativas sobre o futuro lançamento de ofertas iniciais por unicórnios brasileiros. Dados recentes da consultoria americana PitchBook, que acompanha rodadas em startups, apontaram 10 nomes nacionais como candidatas à IPO no mercado amerericano: Creditas, QuintoAndar, Loft, Loggi, Frete.com (ex-CargoX), Wildlife Studios, Merama, MadeiraMadeira, Facily e Cloudwalk. A rede de churrascarias Fogo de Chão também mira a bolsa de Nova York. A última empresa brasileira a lançar ações nos EUA foi o Nubank, em dezembro do ano passado.

Veja quem abriu capital em 2021

26/1- HBR Realty (HBRE3)

29/1- Vamos (VAMO3)

1/2- Espaçolaser (ESPA3)

4/2- Intelbras (INTB3)

5/2- Mosaico (MOSI3)

5/2- Mobly (MBLY3)

8/2- Focus Energia (POWE3)

8/2- Jalles Machado (JALL3)

10/2- Bemobi (BMOB3)

11/2- Cruzeiro do Sul Educacional (CSED3)

11/2- Westwing (WEST3)

12/2- OceanPact (OPCT3)

17/2- Orizon (ORVR3)

17/2- Eletromidia (ELMD3)

18/2- CSN Mineração (CMIN3)

12/4- Allied (ALLD3)

16/4- Mater Dei (MATD3)

19/4- Blau (BLAU3)

26/4- Grupo GPS (GGPS3)

29/4- Caixa Seguridade (CXSE3)

29/4- Boa Safra (SOJA3)

30/4- Modalmais (MODL11)

4/5- Infracommerce (IFCM3)

5/5- PetroRecôncavo (RECV3)

17/5- GetNinjas (NINJ3)

17/5- G2D Investments (G2DI33)

31/5- Dotz (DOTZ3)

21/6- BR Partners (BRBI11)

12/7- 3tentos (TTEN3)

14/7- Smart Fit (SMFT3)

15/7- CBA (CBAV3)

21/7- Desktop (DESK3)

22/7- Multilaser (MLAS3)

26/7- WDC (LVTC3)

26/7- AgroGalaxy (AGXY3)

27/7- Unifique (FIQE3)

28/7- TC (TRAD3)

28/7- Armac (ARML3)

29/7- Brisanet (BRIT3)

30/7- ClearSale (CLSA3)

5/8- Raízen (RAIZ4)

9/8- Viveo (VVEO3)

10/8- Oncoclínicas (ONCO3)

13/8- Kora Saúde (KRSA3)

2/9- Grupo Vittia (VITT3)

9/12- Nubank (NUBR33)

(Atualiza às 17h com detalhes sobre a atuação da companhia)

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