Preço da soja em Chicago alcança maior patamar da história

Cotações acumularam valorização de quase 6% em apenas uma semana diante da piora da seca no Brasil e preocupação sobre tamanho safra nacional

Por

Bloomberg Línea — Os preços da soja chegaram ao último pregão da semana no maior patamar já registrado na bolsa de Chicago. Os contratos com vencimento em março fecharam a sexta-feira (4) cotados a US$ 15,5675 por bushel, o equivalente a US$ 34,32 por saca. O resultado representa uma valorização de 0,81% em comparação ao fechamento do dia anterior, mas significa uma alta acumulada de 5,9% em apenas uma semana.

Veja mais: Clima no Brasil começa influenciar preços internacionais dos grãos

A alta na bolsa americana reflete um cenário de demanda aquecida e grandes chances de haver uma oferta reduzida, muito por influência do Brasil e da Argentina. Por aqui, as estimativas oficiais serão atualizadas na próxima semana pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A expectativa do mercado é que a estatal reduza sua projeção para a produção nacional diante das pioras das condições climáticas na região Sul do Brasil. Em janeiro, a Conab já reduziu suas estimativas por conta da seca no Paraná. Dessa vez, a influência será do Rio Grande do Sul.

A média das estimativas das principais consultorias privadas do Brasil sinaliza para uma produção de 130,8 milhões de toneladas de soja neste ano. O número é 10 milhões de toneladas menor que a última projeção da Conab, de 140,5 milhões de toneladas, divulgada no início de janeiro. Esse último dado, considerado otimista, representou uma redução de 1,61%, ou 2 milhões de toneladas, em comparação a dezembro do ano passado. No último mês de 2021, a expectativa da entidade era de uma produção de 142,8 milhões de toneladas.

Veja mais: Veja quanto a safra do Brasil já encolheu por causa da seca

Aliado aos problemas na demanda, a oferta se mostra aquecida. Hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), reportou a venda de 295 mil toneladas de soja americana para destinos não revelados. Alguns operadores disseram que, muito provavelmente, esse destino seria a China, mais precisamente o governo, que estaria recompondo seus estoques. Vale lembrar que, apenas nesta semana, os chineses compraram aproximadamente1,5 milhão de toneladas de soja dos Estados Unidos e que estaria em busca de ainda mais negócios para entrega entre os meses de março e abril deste ano.