Brasil deve receber vacina da Moderna replicada por farmacêutica africana

Afrigen desenvolveu a vacina com base na sequência publicamente disponível da Moderna após recusa de parceria

inclui Argentina e Brasil
Por Antony Sguazzin
04 de Fevereiro, 2022 | 11:23 AM

Bloomberg — A Afrigen Biologics & Vaccines, da África do Sul, disse que desenvolveu uma vacina contra a covid-19 que corresponde à da Moderna, depois que a empresa a rejeitou seu pedido de parceria.

A transferência inicial da tecnologia será para o Instituto BioVac, que fica na Cidade do Cabo, e depois para a Sinergium Biotech, na Argentina, e a Fundação Oswaldo Cruz, no Brasil, disse ela.

A Afrigen, parte do centro de transferência de tecnologia de mRNA da Organização Mundial da Saúde na Cidade do Cabo, obteve a sequência publicamente disponível da vacina da Moderna da Universidade de Stanford e agora fez sua própria versão, disse Petro Terblanche, diretor administrativo da Afrigen.

A OMS instalou o hub de mRNA na cidade sul-africana - o primeiro deles, em junho - em uma tentativa de abordar as preocupações de que os países pobres não estavam tendo acesso suficiente às vacinas contra covid-19. A ideia inicial era formar uma parceria com um grande produtor de vacinas de mRNA. No entanto, empresas como a Pfizer, a BioNTech e a Moderna recusaram o pedido da OMS para compartilhar sua tecnologia e expertise.

PUBLICIDADE

“Isso não aconteceu”, disse Terblanche. “Montamos uma equipe e seguimos em frente.”

A Afrigen, laboratório que produz matérias primas que podem ser usadas em vacinas, está agora realizando testes finais e depois transferirá a tecnologia para empresas maiores que possam fabricar a substância em maior escala.

A vacina ainda precisa passar por testes clínicos e pode levar dois anos até que uma licença possa ser solicitada e a vacina lançada para a população em geral, disse a empresa. A Afrigen está autorizada a produzir a vacina especialmente porque ainda está em fase experimental, disse ela. A Moderna, que se recusou a comentar, disse anteriormente que não lançaria mão de sua patente durante a pandemia.

“A sequência é de domínio público”, disse ela. “Temos liberdade para operar.”

A África do Sul é um bom lugar para realizar os testes por causa de sua experiência médica, população etnicamente diversa e alta prevalência de comorbidades, disse ela.

Embora a vacina possa não estar disponível por algum tempo, ela demonstra a capacidade técnica da Afrigen. A empresa está pensando em desenvolver outra vacina contra a covid-19 que não precisará ser armazenada nas temperaturas ultrabaixas exigidas pela vacina da Moderna e, em última análise, procurará combater doenças prevalentes na África, como HIV, tuberculose e malária, disse a empresa.

O desenvolvimento foi relatado anteriormente pela Reuters.

PUBLICIDADE

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também