O e-commerce uruguaio Tiendamia captou US$ 30 milhões em uma rodada Série B liderada pelo Cartesian Capital Group. Pelo acordo, o fundo americano investe agora US$ 20 milhões e compromete outros US$ 10 milhões para a startup, o que eleva o valuation da empresa para US$ 80 milhões.
É a segunda vez que o marketplace recebe investimentos. A primeira rodada aconteceu em 2016, quando levantou US$ 1,8 milhões. Desde então, a Tiendamia se sustentou com recursos próprios.
O novo aporte vem para acelerar a expansão da empresa. No ano passado, a startup tinha a meta de quintuplicar seu faturamento, o que não foi atingido. “Chegamos muito próximos [de quintuplicar] mas demos uma pausa”, explica Michele Chahin, country manager da Tiendamia no Brasil. A empresa ainda não sabia se em 2022 iria receber o investimento ou se trabalharia com a renda de mercados já estabelecidos.
A Tiendamia está no Brasil desde 2018, mas ainda opera em um “soft launch”. Contando as operações na América Latina, a startup distribui em seu marketplace mais de 1 bilhão de produtos dos Estados Unidos que vêm de lojas como Amazon, eBay, Macy’s e Walmart. É uma aposta no comércio cross-border, em que a empresa garante a entrega em até 20 dias para as capitais.
Para esse ano, a Tiendamia está focada em atingir o crescimento de 500% até dezembro. “Acredito que a gente consiga até superar isso, dependendo da estratégia que a gente tomar e quanto desse valor será destinado para o Brasil”, disse.
A Série B será usada para a expansão da plataforma com lançamento em novos países. Hoje a Tiendamia está presente no Uruguai, Argentina, Equador, Brasil, Costa Rica e Peru. Embora a empresa queira ampliar as operações na região, também estuda outros mercados, como África e Oriente Médio.
O recurso também será investido na experiência do usuário nos mercados em que a empresa já atua, além de parcerias com novos varejistas dentro do marketplace, trazendo um catálogo maior de produtos.
No Uruguai, a Tiendamia está bem posicionada como um e-commerce que compete de igual para igual com e-commerce locais, segundo Chahin. Já no Brasil, como a competição no comércio eletrônico é maior, a quantidade da oferta faz com que a startup não consiga se posicionar pelo melhor preço. Sujeita à variação do dólar sobre a moeda brasileira, a empresa traz produtos “que não seriam encontrados no Brasil” para ganhar o cliente, como explica a country manager.
O mercado de comércio eletrônico no Brasil e no México deve crescer cerca de 30% por ano até 2025, como apontou um estudo anual da empresa de pagamentos brasileira Ebanx. Segundo o relatório, o Mercado Livre é responsável pela maior parte do tráfego online do e-commerce na região, seguido pela OLX, Americanas, Amazon e Magazine Luiza.
As empresas locais também disputam os mais de 100 milhões de consumidores do comércio eletrônico no Brasil com grandes estrangeiros como a Shopee, de Cingapura, e a AliExpress, da China, que oferecem tanto produtos internacionais como locais.
Por isso, a estratégia brasileira da Tiendamia é focada em nichos específicos, como esportes, jogos de tabuleiro e bonecos colecionáveis. “Queremos aproveitar que as comunidades de nicho no Brasil são muito grandes para entrarmos nesse lugar de produtos que não são vendidos no Brasil. O que eu não consigo comprar ou não encontro no Brasil e que só trago dos Estados Unidos? Para esse canal, a Tiendamia é a melhor opção”, explica.
A startup diz ter mais de 500 mil clientes nos países que atua, mas não divulga a quantidade de vendas por questões estratégicas. Em termos de participação, a empresa tem maior market-share no mercado uruguaio, onde está seu escritório principal.
A empresa trabalha com parcelamento em até 12 vezes e atendimento ao cliente latino-americano por telefone, e-mail, ou WhatsApp. A Tiendamia também congela o preço do dólar na transação, ou seja, o cliente paga o preço do produto no dia da compra, sem estar sujeito à variação da moeda.
“A gente sabe que essa incerteza política [de ano de eleições no Brasil] faz com que o dólar varie muito. A queda e elevação do dólar impactam diretamente nosso negócio. Por isso nossa estratégia no Brasil é nichada, já que o preço dentro da nossa plataforma varia de acordo com o dólar. Se o dólar sobe 1%, nosso preço sobe 1%, o que impacta muito nossas vendas”.
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