Bloomberg — O Banco da Inglaterra elevou a taxa básica de juros para tentar conter a maior inflação em três décadas. Alguns integrantes do alto escalão do banco central britânico surpreenderam com a defesa de uma resposta mais agressiva ao avanço dos preços.
O Comitê de Política Monetária votou para aumentar o custo de captação em 0,25 ponto percentual para 0,5% na quinta-feira. Quatro dos nove membros do comitê pediram uma elevação de 0,50 ponto, o que não ocorria desde que o banco central ganhou autonomia do governo, em 1997.
A decisão inaugurou uma nova era, na qual o Banco da Inglaterra começará a se desfazer de 895 bilhões de libras esterlinas (US$ 1,2 trilhão) em títulos acumulados na última década para estimular a economia.
O anúncio veio logo após o chanceler do Tesouro, Rishi Sunak, apresentar um programa de 9 bilhões de libras para ajudar a população a arcar com o aumento dos gastos com energia. O combustível mais caro ajuda a explicar por que o banco central teme que a inflação chegue ao triplo da meta da instituição.
“Não elevamos os juros hoje porque a economia está voando”, disse o comandante do Banco da Inglaterra, André Bailey, em entrevista coletiva em Londres após a decisão. “Corremos o risco de que parte da inflação importada mais alta seja arrastada para a economia doméstica, levando a um período mais longo de inflação elevada.”
A libra subiu junto com os rendimentos dos títulos do governo e as ações de bancos do Reino Unido. As apostas de aumento dos juros foram antecipadas e agora sinalizam 1% em maio.
O banco central britânico abre o caminho no processo global de aperto da política monetária para enfrentamento da rápida aceleração dos preços após as restrições de mobilidade trazidas pela pandemia. Nos EUA, a expectativa é que o Federal Reserve inicie seu ciclo de aperto neste ano, em meio a especulações de um possível acréscimo de 0,50 ponto percentual.
“O Banco da Inglaterra está fazendo todo o possível para fortalecer suas credenciais de combate à inflação, entregando o primeiro aumento sequencial de juros desde 2004, juntamente com planos para reduzir o balanço patrimonial. Essa urgência somada à uma votação dividida e sinais de novos movimentos nos próximos meses agora sugere prováveis aumentos em março e maio, com risco de outro movimento em agosto. Mas as previsões mais brandas no médio prazo sugerem que as expectativas do mercado de juros em 1,5% no final do ano ainda parecem distantes do alvo”, afirmou Dan Hanson, da Bloomberg Economics.
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