Vale fechou os olhos para denúncias de corrupção, diz Steinmetz

Segundo advogado do bilionário israelense, em documentos, mineradora brasileira ‘não é vítima inocente da corrupção’

Advogados acusaram a Vale de estar “preparada para assumir o risco” em troca de impedir expansão de rivais como o Grupo Rio Tinto
Por Katharine Gemmel
01 de Fevereiro, 2022 | 10:19 AM

Bloomberg — O bilionário Beny Steinmetz rebateu a acusação de fraude da Vale (VALE3), alegando que a gigante da mineração brasileira estava bem ciente das alegações de que os direitos de mineração da Guiné que ela concordou em comprar foram garantidos ilegalmente.

Steinmetz e outros cinco associados ligados à sua empresa BSGR foram acusados pela Vale de facilitar contratos para a mina Simandou, na Guiné, no valor de bilhões de dólares, supostamente obtidos com propinas.

Advogados de Steinmetz, de 65 anos, acusaram a Vale de estar “preparada para assumir o risco” em troca de impedir que rivais como o Grupo Rio Tinto se expandissem para lá, segundo documentos preparados para a audiência.

“Eles não são vítimas inocentes da corrupção”, disse Justin Fenwick, advogado de Steinmetz, no Hight Court de Londres nesta terça-feira (1)

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“Houve uma determinação obstinada da Vale de obter acesso” e “fechar os olhos para a própria consciência, conforme registrado em seus próprios documentos, das alegações de corrupção”, disse Fenwick.

Veja mais: Vale acusa Steinmetz de fraude em acordo de US$ 2,5 bi na Guiné

Os advogados da Vale negam as alegações e disseram que “não sabia nada de tais assuntos na época” e não “por um período muito substancial depois disso”, de acordo com seus documentos judiciais.

O julgamento, que deve durar 11 semanas, representa o capítulo mais recente de uma saga de 12 anos sobre o controle de um dos depósitos minerais mais ricos do planeta. É também um novo drama legal para Steinmetz, que foi condenado por um tribunal suíço por suborno pelos direitos de Simandou há um ano.

Os advogados do empresário israelense também alegam que a Vale planejava se separar da BSGR e negociar com o governo guineense para garantir os direitos exclusivos. Esse plano incluía um exercício de diligência supostamente “falso” que a Vale usaria para se proteger, argumentaram os advogados de Steinmetz.

Os advogados da Vale disseram que era “improvável” que a diligência, realizada por advogados de um importante escritório de advocacia de Londres, pudesse ser falsa.

“A última coisa que eles fariam seria contratar advogados e investigadores especializados para conduzir investigações profissionais”, disse a advogada da Vale, Sonia Tolaney, em documentos judiciais.

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