Stuhlberger: Lula ‘quase já ganhou’, mas radicalismo não deve prevalecer

Para o gestor, no entanto, dificilmente a inflação ao consumidor vai voltar para 3% em um governo do PT

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Bloomberg Línea — O CEO da Verde Asset, Luis Stuhlberger, disse nesta terça que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o grande favorito na eleição deste ano e que “quase já ganhou”. Ele afirmou, durante evento online do Credite Suisse (CS), que uma versão mais radical do ex-presidente não deverá prevalecer num eventual novo governo petista.

Para o gestor, no entanto, dificilmente a inflação ao consumidor vai voltar para 3% em um governo do PT. Ele acredita que eventuais reformas de um novo governo Lula deverão ser mais no sentido de elevar a carga tributária do que conter gastos.

“Não vejo o Brasil, com um governo do PT, voltando para níveis de inflação de 3,0%, 3,5%”, disse.

Para Stuhlberger , o impacto de uma visão mais assistencialista que o PT tem poderá não aparecer num primeiro ano de governo. “No primeiro momento em que o governo dá estímulo tem aumento de salários, vem um crescimento no outro ano. Vem mais inflação, mais juros, mais crescimento. O problema no governo Lula vai se dar quando esse modelo se esgotar”, disse se referindo ao que aconteceu depois de seus dois mandatos com a presidência de Dilma Roussef.

Surpresa com estrangeiros

No evento, Stuhlberger disse ainda que se surpreendeu com o recente fluxo de investimentos estrangeiros neste início de ano, que sustentou a bolsa e o real nos últimos dias. “O fluxo forte para a bolsa foi uma grande surpresa”, disse.

Também presente no evento, Rogério Xavier, sócio da gestora SPX, disse que o investidor estrangeiro prefere Lula ao presidente Jair Bolsonaro. “As pessoas gostam do Lula aqui fora e não gostam do Bolsonaro. É um fato isso”, disse, destacando que a visão externa é que o ex-presidente deve se mover mais para o centro no espectro ideológico.

“Eu não acredito que vai acontecer isso, mas é assim que o investidor estrangeiro vê o Brasil. Melhor com o Lula no poder. Já eu não vejo uma gestão petista fazendo grandes transformações no país”, disse Xavier.

“O próprio PT sabe que é impossível gastar mais. Reformas num governo petista certamente visarão aumentar a carga tributária”, completou Stuhlberger, destacando que o ex-presidente buscará ser reconhecido internacionalmente como um estatista que ajudou a melhorar as condições do país. “Não acho que um Lula sindicalista e radical vai predominar”, disse.

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