Bloomberg — A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados sinalizaram que vão aprovar outro aumento modesto na produção esta semana, mas a expectativa é que o grupo não consiga entregar toda a oferta adicional a um mercado bastante aquecido.
A recuperação no consumo de combustível segue acelerada, deixando muito espaço para que os 23 países integrantes da coalizão liderada por Arábia Saudita e Rússia ampliem a produção.
No entanto, membros da Opep+, incluindo Nigéria e Rússia, estão ficando sem capacidade ociosa e enfrentam dificuldades para retomar a produção após anos de cortes e investimento insuficiente.
Representantes de metade dos membros da coalizão dizem esperar que a Opep+ ratifique em março um aumento adicional na oferta de 400.000 barris diários. Ainda assim, há maior restrição no mercado e a cotação do barril é pressionada para ultrapassar US$ 90. A Bloomberg fez uma sondagem com 16 operadores, analistas e profissionais de refino e todos responderam que esperam um acréscimo na produção, mas duvidam que seja plenamente atingido. Em novembro, o grupo implementou apenas cerca de 60% do aumento acordado.
“Acho que eles vão continuar fazendo do mesmo jeito”, com outra elevação incremental, disse Torbjorn Tornqvist, CEO da trading de commodities Gunvor Group. Contudo, a Opep+ pode estar perdendo o controle do mercado “porque agora estamos de volta à situação de observar o tamanho da capacidade ociosa”.
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Esta é uma grande preocupação para nações consumidoras de petróleo e bancos centrais no enfrentamento de um salto da inflação que prejudica não somente os motoristas, mas também contribui para uma crise de aumento no custo de vida que afeta milhões de pessoas. Com a aproximação das eleições legislativas nos EUA, há risco para o presidente Joe Biden, que ainda não teve sucesso em seus esforços para conter os preços dos combustíveis.
Campos antigos
Somente Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iraque têm capacidade ociosa suficiente para entregar aumento significativo de produção, segundo Tornqvist. Para outros membros da Opep, a falta de investimento trouxe consequências.
Os campos de águas profundas de Angola estão produzindo cada vez menos, enquanto os oleodutos da Nigéria estão repletos de vazamentos. Mesmo a Rússia, número 2 da aliança, não conseguiu elevar a produção nos últimos meses, após o recuo nas atividades de perfuração.
Com o consumo se recuperando e a produção restrita em outras partes do mundo, o mercado global que esperava superávit neste trimestre pode ter suprimentos abaixo do necessário. Os preços já estão no maior nível desde 2014 e recebem impulso adicional das tensões geopolíticas. Para alguns traders, é inevitável que o barril volte a US$ 100.
A Casa Branca pode tentar pressionar aliados em Riad e Abu Dhabi para que ativem reservas ociosas, mas o ministro saudita de Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman, até agora se mostrou resistente à ideia.
“A atuação dos EUA junto aos principais agentes da Opep se intensificará à medida que os preços do petróleo adentram a zona de perigo político do presidente Biden”, disse Helima Croft, estrategista de commodities da RBC Capital Markets. “Washington provavelmente terá que fazer mais trabalho diplomático para conseguir uma virada na produção”.
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