Bloomberg — O Copom deve elevar a Selic para 10,75% nesta quarta-feira, ao maior nível desde maio de 2017, para conter a piora das expectativas inflacionárias, segundo economistas. Eles também preveem que o comunicado do BC deve remover a sinalização de alta adicional de 1,5 ponto percentual para a próxima reunião.
Entre 37 economistas pesquisados pela Bloomberg, 36 projetam uma alta de 1,5 pp da Selic e apenas um espera elevação menor, de 1,25pp. A curva de juros também indica maior probabilidade de alta de 1,5 pp no 1º Copom do ano, com desaceleração para 1 pp em março e 0,5 pp em maio.
Os analistas esperam que o BC não repita a indicação de nova alta de 1,5pp, mas há dúvidas se irá sinalizar claramente a desaceleração de ritmo ou se manterá a porta aberta a qualquer decisão, sem expressar qualquer movimento especificamente.
Caso se confirme a elevação esperada, a Selic ficará acima da inflação acumulada em 12 meses pela primeira vez em cerca de um ano e meio. A pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira elevou projeções para o IPCA neste e no próximo ano.
Veja o que dizem os analistas:
Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, em relatório
- Copom deve elevar Selic em 1,5 pp; comunicado deve manter "o tom de perseverança" e seguir afirmando que o aperto monetário deve avançar em território significativamente contracionista, mas sinalizar redução moderada no ritmo de alta
- Março deverá trazer alta final de 1pp, elevando Selic a 11,75%
- "No entanto, as condições correntes e projeções de inflação podem pressionar na direção de manutenção do ritmo de 1,50 pp em março e/ou sinalização de continuidade do ciclo"
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Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco
- Selic deve subir em 1,5 pp neste Copom, conforme a sinalização da ata; inflação e expectativas pioraram no período
- Modelo do BC deve indicar que Selic necessária para a convergência da inflação no horizonte relevante estará entre 11,75% e 12,50%
- Comunicado deve deixar a porta aberta quanto aos passos futuros, dependente dos dados
- Espera que o BC gradualmente insira o tema da defasagem e da potência da política monetária em sua comunicação à medida em que o horizonte se desloca para 2023
Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, economistas do JP Morgan
- Copom deve elevar juro em 1,5 pp e sinalização para decisão seguinte deve ser a parte mais importante do comunicado
- BC tem reforçado o compromisso de perseverar em sua estratégia até que a desinflação e a ancoragem das expectativas se consolide, e a expectativa da inflação não tem melhorado
- No entanto, BC deve abrir a porta para desacelerar o ritmo do aperto em março
Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs
- BC deve levar a Selic para terreno ainda mais contracionista, a 10,75%
- Comunicado deve indicar que aperto adicional será necessário diante do cenário desafiador para a inflação, com alta do petróleo e mudança na política monetária global, mas com o Copom provavelmente não sinalizando explicitamente a magnitude do movimento de março
Roberto Secemski, economista do Barclays Capital
- BC deve elevar Selic para 10,75% e sinalizar alta menor no Copom seguinte; espera +1pp em março
- Confiança num ritmo menor de altas caiu após desempenho adverso dos núcleos do IPCA-15, mas diante da consideração sobre a transmissão defasada da política monetária, fraqueza da atividade e importância decrescente da meta de 2022 no horizonte relevante, a política monetária ainda pode ter seu ritmo moderado em março
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Claudio Ferraz, economista do banco BTG Pactual
- Copom deve elevar Selic em 1,5 pp; deve manter tom duro, conservador, e sinalizar alta em março, mas sem se comprometer com tamanho
- "IPCA-15 confirmou desconforto com inflação"
- Vê alta de 1 pp em março e 0,50 pp em maio; Selic final a 12,25%; "balanço de riscos ainda é altista"
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital
- Expectativa de alta 1,5 pp
- Copom deve manter a porta aberta para mais um reajuste de mesma magnitude, citando choques altistas de inflação doméstica, necessidade de buscar conversão para dentro do limite superior em 2022, “custe o que custar”, e percepção de mudança de cenário pelo Fomc - o que demandaria aperto do BC para evitar uma depreciação expressiva do real
Gustavo Brotto, CIO da Greenbay Investimentos
- "IPCA-15 foi uma surpresa altista, mas seguimos com um cenário de desaceleração relevante da inflação em 2022, projetamos 4,8%"
- BC poderia sinalizar uma desaceleração do ritmo de 1,5 pp para o Copom seguinte, indicando que o ciclo de aperto monetário está próximo do fim e a Selic deve parar em torno de 12% (entre 11,75% e 12,25%)
Rafael Ihara, economista-chefe da Meraki
- "É factível que BC deixe porta aberta para redução do ritmo na reunião seguinte, mesmo com a surpresa do IPCA-15"
- “BC já foi muito agressivo no ciclo e horizonte já está migrando para 2023, onde projeções estão próximas à meta”
- Vê próximas altas de 1pp e 0,50pp; caso a dinâmica de inflação seja melhor, não descarta Selic final a 11,75%
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