Volatilidade ainda dá as cartas em semana de dados macro e bancos centrais

Abertura foi positiva nas bolsas europeias e nos negócios com futuros nos EUA, mas tensão continua e alguns índices já operam em baixa

As variáveis que orientarão os mercados
31 de Janeiro, 2022 | 09:13 AM

Barcelona, Espanha — A volatilidade ainda dita as regras do jogo nos mercados. Depois de começarem a semana no azul, as bolsas europeias e os futuros de índices nos Estados Unidos reduzem o ritmo - alguns índices já se situam em terreno negativo.

Os prêmios pedidos pelos títulos de dez anos do Tesouro norte-americano avançavam, com os investidores se preparando para sucessivos aumentos de juros pelo Federal Reserve (Fed) a partir de março. As ações da Citrix Systems Inc. cediam no pré-mercado depois das notícias de que a Elliott Investment Management e a Vsa Equity Partners estariam a ponto de chegar a um acordo para a compra da fabricante de software por US$ 13 bilhões, um valor que não contemplaria um prêmio pelas suas ações.

PUBLICIDADE

📌 Além dos já conhecidos catalisadores de tensão nos mercados – conflitos geopolíticos e sinais de um Federal Reserve (Fed) ainda mais combativo na luta contra a inflação – esta semana há importantes dados macroeconômicos e reuniões de dois importantes bancos centrais: o Europeu e o da Inglaterra.

💸 Os operadores olham com lupa para os dados inflacionários programados para esta semana. Hoje sai o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da zona do euro.

  • Esta manhã foi anunciado que inflação da Espanha se desacelerou menos do que o esperado em janeiro, enunciando o desafio para o Banco Central Europeu (BCE) controlar a alta dos preços. Os preços ao consumidor subiram 6,1% em janeiro, comparativamente ao ano anterior. A leitura é ligeiramente inferior à alta de 6,6% de dezembro, que foi a mais elevada em 30 anos, mas está muito abaixo da projeção de 5,5% dos analistas consultados pela Bloomberg.

🏦 O BCE tem se mantido firme no discurso de que as pressões inflacionárias tendem a se suavizar, diferentemente de seu par nos EUA, que já falou com todas as letras que será necessário subir os juros para frear o ritmo dos preços. A reação do BCE ainda é uma incógnita, mas sobre o Banco da Inglaterra (BoE) a maioria das apostas recai sobre um aumento de taxas.

PUBLICIDADE

👷🏻‍♀️ Além da inflação, saem dados sobre o PIB na Europa e emprego nos Estados Unidos, termômetros da atividade econômica e sinalizadores da política monetária dos bancos centrais. O PIB da zona do euro subiu 0,3%, algo inferior ao previsto, depois que uma forte contração da produção deixara a Alemanha à beira da recessão.

📊 A temporada de resultados continuará a pleno vapor, com a apresentação de balanços de outras 111 empresas do S&P 500, entre elas Amazon (quinta-feira), Alphabet y Meta (quarta-feira). Das empresas que compõem o europeu Stoxx 600, serão 56 demonstrações financeiras. Das 169 companhias do S&P 600 que divulgaram seus resultados até agora, 81% ficaram em linha ou excederam as projeções do mercado. Os bons resultados devem amortecer o impacto da venda de ações tecnológicas nos EUA, já que os investidores estão ainda se adaptando ao cenário de juros mais elevados. Isso também pode atenuar o efeito das tensões geopolíticas entre os EUA e a Rússia sobre a Ucrânia.

Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Assombra ações de emergentes

PUBLICIDADE
Uma nova semana se inicia e a volatilidade continua presente

🟢 As bolsas na sexta-feira: Dow (+1,65%), S&P 500 (+2,43%), Nasdaq (+3,13%), Stoxx 600 (-1,02%), Ibovespa (-0,62%)

Os mercados de ações dos EUA subiram no último dia de uma semana marcada por oscilações intensas após os fortes ganhos da Apple Inc. (APPL) atraírem investidores em busca de oportunidades. O movimento ofuscou os temores de que o Federal Reserve tenha que agir de forma agressiva para impedir a escalada da maior inflação desde a década de 1980.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Bolsa fechada na China pelas festividades do Ano Novo Lunar. Em Hong Kong, os mercados operam em meia sessão

PUBLICIDADE

EUA: PMI de Chicago (janeiro), Índice de Atividade das Empresas Fed Dallas (janeiro), Despesas de Consumo Pessoal (PCE) - Fed Dallas (dezembro), Pesquisa Fed com bancos de empréstimos

Europa: PIB zona do euro (4Tri21), PIB da Itália e de Portugal, IPC da Alemanha e da Espanha (janeiro)

Japão: Encomendas de Construção (dezembro), Taxa de Desemprego (dezembro), PMI Industrial (janeiro) • Bancos centrais: discurso Mary C. Daly, presidente do Federal Reserve de São Francisco

Brasil: Boletim Focus (BR), Índice de evolução do emprego do Caged (dezembro), Balança Comercial, Dívida Líquida/PIB, Balanço Orçamentário (dezembro)

Mais da América Latina: PIB e Balanço Fiscal do México

Balanços:

• Durante a semana teremos os resultados de empresas como Alphabet (GOOG), Amazon (AMZN), Exxon Mobil (XOM), Ford Motor (F), Meta Platforms (FB), Qualcomm (QCOM), Sony (SONY), Spotify (SPOT), UBS Group (UBS).

Leia também:

Ameaça de recessão na Alemanha paralisa economia da zona do euro

EUA: Senadores tentam acordo sobre sanções contra Rússia

Fed pode elevar juro em 0,5 ponto em março, diz Bostic ao FT

Petróleo deve ter janeiro mais forte em décadas com demanda mais forte

Nasdaq deve fechar o pior mês de janeiro em 50 anos de existência

-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.