Bloomberg — A população de Tóquio encolheu no ano passado pela primeira vez em um quarto de século, com a transição para o trabalho remoto em meio à pandemia.
A população da capital do Japão caiu em cerca de 48.600 pessoas para pouco menos de 14 milhões no início de 2022, o primeiro declínio desde 1996, informou o governo metropolitano na segunda-feira (31).
O Japão vem tentando há anos fazer renascer suas economias regionais e impedir que Tóquio devore cada vez mais a população do país, que vem diminuindo. Agora, o coronavírus parece ter feito o que nenhuma política governamental conseguiu: conter o fluxo de pessoas para a cidade lotada.
À medida que a pandemia entra em seu terceiro ano, novos comportamentos em relação ao trabalho remoto são um dos motivos da mudança. Outros exemplos incluem empresas como a Pasona Group, gigante dos serviços de recrutamento e colocação, que em 2020 anunciou que descentralizaria as funções da sede para longe de Tóquio.
A capital do Japão foi atingida por altos números de infecções e restrições constantes às atividades, que tornaram a vida na cidade menos atraente, e foram particularmente difíceis para restaurantes e outras empresas de serviços.
Foram decretados estados de quase-emergência este mês para Tóquio e regiões que cobrem a maioria dos outros grandes centros econômicos do Japão, em meio a recordes de casos de infecção pelo vírus.
As empresas japonesas tendem a ver um benefício em fazer negócios pessoal e presencialmente, mas um número crescente delas está experimentando o trabalho remoto. Uma pesquisa recente do governo mostrou que 55% das empresas nos 23 distritos de Tóquio experimentaram a prática.
No Yahoo Japão, com sede na capital, cerca de 90% dos 8.000 funcionários da empresa estão trabalhando remotamente, segundo o presidente Kentaro Kawabe.
Isso provavelmente está no extremo do espectro, mas o analista Takashi Otsuka, da Mitsubishi UFJ Research and Consulting, diz que mais pessoas na faixa dos vinte e trinta anos podem querer morar fora da capital, onde é mais barato e há mais espaço.
“O teletrabalho pode se firmar em alguns setores” mesmo após a pandemia, disse Otsuka.
Megu Tsuchimura é representante dessa mudança. No verão passado, a jovem de 28 anos voltou para sua cidade natal, uma vila perto do Mar do Japão, depois de passar a trabalhar para uma startup focada no meio ambiente, que oferecia mais flexibilidade. É outra empresa sediada em Tóquio, mas desta vez o trabalho remoto é permitido.
“Eu estava estressada, pegando trem lotado no meio da pandemia”, disse ela. “Me sinto muito mais feliz agora.”
– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.
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