Falando em um seminário interno do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma defesa das alianças “além das fronteiras do PT e da CUT” para enfrentar Jair Bolsonaro na eleição de outubro.
“Embora eu seja do PT, eu não sou um candidato só do PT, mas tenho que ser um candidato de um movimento que ultrapasse fronteiras do PT, da CUT e da Força Sindical”, disse Lula.
“Que a gente seja a candidatura de um movimento que quer redemocratizar o país de verdade, que quer restabelecer os direitos do povo trabalhador”, disse.
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POR QUE ISSO É IMPORTANTE: A defesa das alianças do PT além da esquerda, um tema em que Lula tem insistido desde que voltou ao jogo político, ainda encontra resistência a alguns setores da legenda. Mesmo assim, os opositores à chapa Lula-Alckmin não têm força suficiente dentro do PT para impedir a aliança. A fala de hoje dirigiu-se a esse público interno.
No discurso de 15 minutos, feito ao lado da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, Lula não citou, desta vez, nenhum partido específico nem o nome do Geraldo Alckmin (sem partido), cotado para ser seu companheiro de chapa. Em entrevistas recentes, Lula tem dito que “confia” em Alckmin.
Alckmin hoje está mais perto do PSB, mas o Podemos, partido controlado pelo deputado Paulinho da Força, também seria uma alternativa para o ex-tucano.
CONTEXTO: Enquanto Lula diz que só definirá a candidatura em março, depois de acertar as alianças, na prática a montagem dos palanques regionais já está acontecendo. No Nordeste, onde o ex-presidente tem sua maior taxa de intenção de voto, há um movimento para atrair para a órbita lulista políticos filiados a legendas do Centrão, que formalmente está com Jair Bolsonaro.
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O caso mais explícito até agora é o da Bahia, onde o vice-governador João Leão (PP) já declarou que estará com Lula em 2022. Leão é cotado para ser candidato ao Senado numa aliança com Jaques Wagner concorrendo ao governo. Em Pernambuco, o petista busca ter em seu palanque o PP do deputado federal Eduardo da Fonte e o Republicanos do deputado federal Silvio Costa Filho.
O ex-ministro Gilberto Kassab (PSD) é outro interlocutor de Lula. Embora o partido formalmente mantenha a pré-candidatura de Rodrigo Pacheco (MG) à Presidência, os dois têm conversado desde o ano passado.
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