Bloomberg — O SoftBank Group Corp. confirmou que o diretor de operações Marcelo Claure está deixando o grupo, encerrando um mandato tumultuado, culminado por um conflito com o fundador Masayoshi Son sobre remuneração e responsabilidades.
Michel Combes assumirá a responsabilidade de Claure no SoftBank Group International e supervisionará a carteira de operações e investimentos da SBGI, disse a companhia em um comunicado. O anúncio confirma uma reportagem anterior da Bloomberg News.
“Marcelo fez muitas contribuições ao SoftBank durante seu tempo aqui. Agradecemos a ele por sua dedicação e desejamos sucesso contínuo em seus futuros empreendimentos”, disse Son no comunicado. “Tenho grande confiança em Michel Combes e na talentosa equipe do SoftBank para continuar com o ótimo trabalho que temos em andamento no SBGI.” Por outro lado, Claure escreveu no comunicado: “Serei eternamente grato pela minha experiência no SoftBank nos últimos nove anos”, comentou. “Investimos em algumas das empresas mais inovadoras e disruptivas que serão líderes do setor nas próximas décadas.”
Claure, de 51 anos, tornou-se um dos principais associados de Son após vender seu distribuidor de telefones celulares para o grupo em 2013. Anos depois, em 2018, assumiu o posto de COO do Softbank. O boliviano-americano era o guru operacional da empresa, ajudando a recuperar a operadora de telefonia móvel americana Sprint Corp., startup de trabalho WeWork.
Nos últimos meses, Claure estava pressionando por mais dinheiro e autoridade em reconhecimento ao seu trabalho. Ele pedia até US$ 1 bilhão em compensações, muito além dos 1,8 bilhão de ienes (US$ 16 milhões) que ganhou no último ano fiscal.
Ainda assim, analistas disseram que o anúncio foi inquietante. “Isso é negativo, pois deixa a impressão de que a administração está confusa e que algumas coisas não estão indo bem”, disse Mio Kato, analista da LightStream Research em Tóquio. “É possível que o atual ambiente econômico, que não está permitindo que a estratégia de investimento do SoftBank Group funcione, tenha levado a esses problemas.
As ações do SoftBank subiram cerca de 3% nas negociações de Tóquio, mas caíram mais de 50% em relação ao pico do ano passado.
Claure também defendeu uma cisão do fundo de investimento latino-americano que ele supervisionou para o SoftBank, informou a Bloomberg News no ano passado. Ele argumentava que a cisão da América Latina ajudaria a construir o negócio e criar valor para o SoftBank, ao mesmo tempo em que aumentaria sua própria remuneração, disseram pessoas familiarizadas com o assunto na época.
Son viu pouca vantagem em uma cisão para os acionistas do SoftBank e achou que isso complicaria o gerenciamento e a governança, disseram as pessoas. O empreendimento latino-americano não é tão famoso quanto o gigantesco Vision Fund do SoftBank, mas cresceu para US$ 8 bilhões em ativos desde seu lançamento em março de 2019.
Son e SoftBank tiveram vários casos de êxito, incluindo a estreia pública da pioneira coreana de comércio eletrônico Coupang Inc. Mas a empresa de Son sofreu com uma enxurrada de más notícias nos últimos meses, incluindo a repressão da China a suas empresas de tecnologia. O investimento individual mais valioso do SoftBank, o Alibaba Group Holding Ltd., tem sido um dos principais alvos do esforço antitruste de Pequim. O SoftBank também é um dos principais financiadores da Didi Global Inc., a gigante de caronas que disse que sairia das bolsas dos EUA apenas cinco meses após seu IPO.
Além da China, a pioneira indiana de pagamentos digitais Paytm, outra empresa do portfólio do SoftBank, sofreu uma das piores estreias de IPO de uma grande empresa de tecnologia. Em dezembro, autoridades antitruste dos EUA processaram para bloquear a venda do SoftBank da designer de chips Arm Ltd. para a Nvidia Corp.
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-- Esta notícia foi traduzida por Michelly Teixeira, News Editor, Europe
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