Bloomberg Línea — Desde que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reduziu sua estimativa para a produção de soja na safra 2021/22 no início de janeiro, todas as atenções do mercado se voltaram para a indústria. Mesmo antes do anúncio oficial do governo, muitas consultorias privadas já haviam atualizado suas estimativas, sinalizando uma safra menor do que a projetada anteriormente. Faltavam os dados de quem compra e processa o grão.
A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) também reduziu sua estimativa. A entidade que representa as empresas processadoras e exportadoras de soja espera que sejam colhidas neste ano 135,8 milhões de toneladas. O volume representa um corte de 4,2 milhões de toneladas (-3%) em relação ao número anunciado no início de janeiro, de 140 milhões de toneladas.
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O motivo é o mesmo dos demais atores do mercado. A seca que atinge a região Sul do Brasil está influenciando diretamente a produtividade das lavouras. Apenas no Paraná, a Conab reduziu em mais de 10% sua estimativa de colheita em seu último relatório. No Rio Grande do Sul, os dados permanecem o mesmo, mas já existe um certo consenso no mercado que o número será atualizado no relatório de fevereiro.
Apesar do corte relevante, a estimativa das indústrias permanece acima dos números indicados pelas principais consultorias do mercado (veja abaixo). A diferença para a consultoria mais otimista em relação à produção de soja neste ano é de 1,6 milhão de toneladas (+1,2%), enquanto para a mais pessimista é de 4,8 milhões de toneladas (+3,6%).
Se por um lado a estimativa das indústrias processadoras se mostra otimista em relação às consultorias privadas, em comparação com o número oficial da Conab existe um certo pessimismo. Em seu último levantamento, a estatal fez um corte de apenas 2,3 milhões de toneladas e passou a esperar uma colheita de 140,5 milhões de toneladas. Assim, a estimativa de 135,8 milhões de toneladas da Abiove se posiciona 3,3% abaixo do número oficial do governo.
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Com a revisão na estimativa de produção de soja do Brasil, as indústrias esperam agora que o país reduza as vendas externas do principal produto da pauta de exportação nacional (veja abaixo). A projeção da Abiove para 2022 é que sejam embarcadas 86,9 milhões de toneladas, cerca de 4,2 milhões de toneladas a menos do que o esperado no início do ano. Ainda assim, se confirmado, o novo número representaria um crescimento de 1% em comparação às vendas externas do ano passado.
A ideia de se reduzir as exportações tem por objetivo preservar o abastecimento interno. A estimativa de processamento segue inalterada em relação ao início de janeiro em 48 milhões de toneladas, aumento de 2% em comparação ao ano passado. A produção de farelo e de óleo, bem como a estimativa para o consumo doméstico dos dois derivados também não foram alteradas em relação ao que já havia sido anunciado no início do ano.