Bloomberg — A Argentina e o Fundo Monetário Internacional chegaram a um entendimento sobre quando o país alcançará um orçamento primário equilibrado, marcando um primeiro passo importante para renegociar mais de US$ 40 bilhões em dívidas, segundo pessoas familiarizadas com as negociações.
O acordo ocorre depois que as negociações se intensificaram na semana passada após meses de atrasos, e a Argentina planeja fazer um pagamento de mais de US$ 700 milhões com vencimento nesta sexta-feira (28), disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas sem permissão para falar publicamente. As partes concordaram em que o país alcance um orçamento primário equilibrado - ou seja, um orçamento sem incluir o pagamento de juros - em 2025, disse uma das pessoas.
Espera-se que o Ministério da Economia do país e a equipe do FMI continuem discutindo detalhes do programa, disseram as pessoas. Os títulos da Argentina denominados em euros com vencimento em 2035 subiram 0,4 centavos para 25,5 centavos de dólar no início do pregão de sexta-feira, para o maior nível desde 13 de janeiro.
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O Ministério da Economia da Argentina não retornou imediatamente um pedido de comentário. O porta-voz do FMI, Gerry Rice, não quis comentar.
A equipe do FMI planeja informar o conselho de administração do credor sobre o estado das negociações em uma reunião informal na manhã de hoje (28) em Washington, de acordo com uma pessoa com conhecimento direto do assunto. O presidente Alberto Fernandez deve falar ao país sobre o entendimento com o FMI nesta manhã, com o ministro da Economia, Martin Guzman, falando a jornalistas depois disso.
Alcançar um orçamento primário equilibrado em 2025 seria uma concessão da posição de negociação pública da Argentina depois que Guzmán disse no início deste mês que queria esperar até 2027 para fechar o déficit.
A Argentina vem buscando um acordo, o 22º do país com o FMI, para adiar pagamentos de mais de US$ 40 bilhões de dívidas pendentes com a organização com sede em Washington, decorrentes de um resgate recorde concedido ao governo anterior em 2018. O país pretende negociar com ao FMI um acordo de 10 anos, conhecido como um fundo estendido, que daria ao país um período de carência de pelo menos quatro anos e meio antes de começar a pagar sua dívida.
O acordo sobre o caminho fiscal também fornece a primeira estrutura de um plano econômico de Fernandez, que optou por governar por meio de uma colcha de retalhos de políticas de curto prazo.
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Um eventual programa completo, após um acordo em nível de equipe, precisaria ser aprovado pelo Congresso da Argentina e pelo conselho do FMI. A aprovação não é garantida do lado argentino, já que a proposta orçamentária de Fernandez para 2022 foi rejeitada em dezembro por um novo congresso. Sua coalizão governista perdeu a maioria no Senado depois de ser derrotada nas eleições de meio de mandato de novembro.
A Argentina também precisaria cumprir as metas orçamentárias do programa e passar por revisões trimestrais com a equipe do FMI para continuar recebendo o alívio da dívida. Essa é uma tarefa difícil com as eleições presidenciais do ano que vem e uma coalizão governante dividida após sua derrota nas eleições de meio de mandato.
--Com assistência de Scott Squires
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