Rússia critica resposta dos EUA sobre segurança, mas quer negociar

País diz que propostas inicias americanas não atendem às exigências de Moscou de impedir a expansão da Otan

EUA e a União Europeia alertaram para sanções rápidas e severas se a Rússia invadir a Ucrânia
Por Ilya Arkhipov
27 de Janeiro, 2022 | 08:21 AM

Bloomberg — A Rússia deu uma resposta inicial crítica às propostas de segurança dos EUA destinadas a desarmar uma crise na Ucrânia, dizendo que não atendem às exigências de Moscou de impedir a expansão da Otan, embora o Kremlin tenha indicado que as negociações provavelmente continuarão.

Ainda que o presidente Vladimir Putin ainda leve tempo para estudar os documentos, “não se pode dizer que nossas opiniões foram levadas em consideração, ou que foi demonstrada uma prontidão para levar em conta nossas preocupações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres nesta quinta-feira (27).

“Seria tolice esperar uma resposta no dia seguinte”, disse ele, observando que os contatos em nível de trabalho com os EUA continuarão e as conversas entre o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, são esperadas em breve. “Não há muitos motivos para otimismo”, dadas as declarações públicas dos EUA que rejeitam as principais demandas da Rússia, embora ainda haja espaço para continuar o diálogo, disse Peskov.

Os EUA entregaram a resposta na quarta-feira às demandas da Rússia por garantias de segurança obrigatórias após semanas de intensa diplomacia sobre um acúmulo de mais de 100.000 soldados russos na fronteira da Ucrânia. Os EUA e a União Europeia alertaram para sanções rápidas e severas se a Rússia invadir a Ucrânia. Moscou diz que não há planos de ataque, embora a Rússia continue a reunir forças perto da fronteira.

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Forças na Europa Oriental e na fronteira da Ucrânia

Embora Blinken tenha dito na quarta que as propostas oferecem um “caminho diplomático sério” com a Rússia, os EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte já rejeitaram o pedido de Moscou para proibir a Ucrânia e outros ex-Estados soviéticos da futura adesão à Otan.

Eles também rejeitaram outra exigência importante estabelecida pela Rússia em esboços de tratados, que a Otan retirasse suas forças para posições que detinham em 1997, antes que os estados da Europa Central e Oriental se juntassem à aliança militar.

A proposta dos EUA “nos permite esperar o início de uma conversa séria, mas em questões secundárias”, disse Lavrov, segundo o serviço de notícias Interfax. “Sobre a questão principal, não há reação positiva neste documento.”

Putin “tomará a decisão sobre nossos próximos movimentos” assim que o governo concluir sua revisão e apresentar relatórios ao presidente, disse Lavrov.

“A situação está se movendo em uma direção positiva”, e Lavrov e Blinken podem se encontrar na próxima semana em Genebra, disse Alexey Gromyko, chefe do Instituto da Europa estatal em Moscou. “À medida que o trabalho continua nos canais diplomáticos, a histeria sobre uma iminente invasão russa da Ucrânia desaparecerá”, disse ele.

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