Ibovespa toma impulso estrangeiro e fecha em alta, descolado dos EUA

Mercados americanos fecharam no vermelho, ainda digerindo o comunicado do Fed de ontem, apesar do PIB melhor q o esperado

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Bloomberg Línea — As pechinchas após quedas recentes dos mercados brasileiros atraíram interesse de investidores estrangeiros nos últimos pregões e ajudam a impulsionar o Ibovespa (IBOV). O principal índice da Bolsa brasileira conseguiu sustentar ganhos nesta quinta-feira (27), mesmo após a virada dos mercados americanos, que fecharam no vermelho, com quedas fortes do Nasdaq e S&P 500 (SPX). Grande parte do mau humor vem de papéis como Tesla (TSLA), que desabou após divulgação de balanço na véspera, em meio a cenário em que investidores ainda digerem o comunicado do banco central americano de ontem (26).

Os traders estão aumentando as apostas para custos de empréstimos mais altos, com os mercados monetários agora esperando cinco aumentos nas taxas de juros do Federal Reserve este ano e outros quatro do Banco da Inglaterra.

Os investidores também estão especulando se o presidente do Fed, Jerome Powell, antecipará os aumentos, fazendo um raro movimento de 50 pontos-base em março, depois de adotar um tom agressivo na reunião desta semana. As apostas se espalharam pelos mercados, com os títulos de curto prazo caindo e o dólar subindo.

O mau humor do mercado foi amenizado pelo crescimento maior que o esperado do produto interno bruto dos EUA, que expandiu a uma taxa anualizada de 6,9% após crescimento de 2,3% no quarto trimestre.

Veja mais: EUA registram crescimento de 6,9% no 4T, acima do esperado

  • O Ibovespa fechou em alta de 1,19%, a 112.611 pontos, após tocar os 113.057 na máxima da sessão
  • Magazine Luiza (MGLU3), Alpargatas (ALPA4) e BB Seguridade (BBSE3) foram os destaques de alta do índice, enquanto Intermédica (GNDI3), Natura (NTCO3) e Hapvida (HAPV3) lideraram a ponta oposta
  • O dólar fechou em queda de 0,58%, a R$ 5,41. Os juros avançaram, com o DI para janeiro de 2023 subindo de 12,015% para 12,220%
  • Nos EUA, o S&P 500 caiu 0,54%, o Dow Jones, 0,02% e o Nasdaq, 1,40%

Contexto

Estrangeiros despejaram US$ 9,2 bilhões em derivativos apostando no real nas últimas três semanas, tornando-se o mais otimista em quase quatro anos. As ações locais registraram uma entrada de R$ 23 bilhões (US$ 4,3 bilhões) de não residentes este mês, com investidores como Franklin Templeton e Mirae Asset Global Investments LLC vendo espaço para uma recuperação.

A recuperação recente que transformou a bolsa brasileira em um dos mercados acionários globais com melhor performance no começo deste ano ainda não terminou, de acordo com a Franklin Templeton.

Os fundos de ação locais registraram resgate líquido de R$ 6,5 bilhões neste mês até 21 de janeiro, após uma saída de R$ 3,4 bilhões em dezembro, segundo a Anbima. A pressão vendedora por parte dos institucionais domésticos se somou a perspectivas de crescimento mais fraco, juros mais altos e incerteza eleitoral, levando os valuations ao menor nível em uma década.

Mas enquanto os locais ficam de lado, os investidores estrangeiros têm mapeado oportunidades no Brasil à medida que se afastam de ações de alto crescimento e apostam em nomes de valor. Eles colocaram cerca de R$ 23 bilhões em ações na B3 nas últimas semanas, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.