Bloomberg — O argumento do presidente do banco central dos EUA de que a economia americana passa por uma “expansão diferente” de quando a política monetária foi apertada pela última vez convenceu alguns economistas de que o Federal Reserve vai subir os juros ainda mais rápido do que o previsto.
Em notas publicadas horas depois de Jerome Powell falar em público e abrir caminho para o Fed começar a elevar a taxa básica de juros em março, economistas da Nomura Holdings avisaram que a expectativa agora é que o BC anuncie uma alta de 0,50 ponto percentual naquela reunião, a partir do nível atual da taxa próximo de zero.
Seus colegas de profissão no BNP Paribas informaram que ainda esperam avanço em incrementos de 0,25 ponto, mas no caso seis vezes em vez dos quatro aumentos que previam antes para este ano. Economistas do Deutsche Bank dizem que agora antecipam cinco aumentos de juros em 2022.
“A entrevista coletiva do presidente Powell transmitiu uma postura muito mais agressiva do que o esperado, pois ele pareceu diferenciar repetidamente o próximo ciclo de alta daquele realizado na última vez que o Fed normalizou a taxa básica de juros em ritmo praticamente trimestral”, escreveram os economistas da Nomura em relatório enviado a clientes. “Os comentários de Powell sugerem que o comitê de política monetária está começando a se unir em torno de uma resposta a inflação, salários e expectativas de inflação maiores que seja mais concentrada no início do ciclo.”
A equipe prevê um aumento de 0,50 ponto percentual em março, que seria o primeiro dessa magnitude desde maio de 2000, seguido por três acréscimos de 0,25 ponto em maio, junho e julho. A projeção anterior deles era de quatro aumentos de 0,25 ponto ao longo deste ano.
Powell disse a repórteres na quarta-feira que as autoridades estão “cientes de que esta é uma expansão muito diferente” e que “as diferenças provavelmente serão refletidas na política que implementaremos”.
Ele falou sobre ser “ágil” e se mover “regularmente”. No passado, os representantes do Fed falaram em atuar de forma “gradual” durante o último ciclo de elevação do juro básico, entre 2015 e 2018.
“Interpretamos o comentário do presidente Powell de que este ciclo é diferente do anterior como indicação de que o viés do Fed pende para um aperto mais acentuado do que nós e os mercados prevíamos”, afirmou Luigi Speranza, economista-chefe global do BNP Paribas.
No Goldman Sachs Group, economistas avisaram que ainda esperam quatro aumentos de juros, mas reconheceram que os riscos dessa projeção estão “inclinados para cima”.
A observação de Powell de que a economia parece diferente de 2015 chamou a atenção da equipe, mas os economistas também ressaltaram comentários de que a política monetária precisa ser capaz de abordar diferentes desfechos e que o Fed se moveria “regularmente”.
Mesmo antes desta semana, a Bloomberg Economics já previa cinco aumentos de juros em 2022. A economista-chefe Anna Wong repetiu na quarta-feira seu alerta sobre o “risco de subir para seis”.
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