Bloomberg Línea — Líder nas pesquisas de intenção de voto para a eleição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quarta-feira (26), disse que, se vencer a eleição de outubro, vai negociar com todas as forças do Congresso, e não apenas com a sua base eleitoral. Na entrevista à rádio CBN Vale, de São José dos Campos (SP), o petista afirmou não acreditar que a esquerda saia das urnas com maioria no Congresso.
“Quando tiver um projeto de lei que mandar ao Congresso Nacional, o líder do governo tem de construir a maioria e a maioria ele constrói conversando com todas as forças políticas do Congresso, convencendo as pessoas, aceitando sugestões. É assim que se dá o jogo político no planeta Terra onde existe democracia.”
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Ao responder uma pergunta sobre como seria a relação com o chamado Centrão, hoje na base de Jair Bolsonaro, Lula disse que o grupo não é um partido político, mas um conjunto de políticos de vários partidos que se unem na defesa de determinadas pautas, que existe desde a Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988).
“Você negocia com quem está eleito, direita a esquerda, centro, com católico, evangélico, com ateu, com quem tem mandato para poder aprovar as coisas que o Brasil precisa. Essa é a política”, afirmou.
Lula disse que o presidente Bolsonaro se tornou refém dos deputados, através do chamado “orçamento secreto” – um pedaço de ao menos R$ 16 bilhões de Orçamento Geral da União este ano cuja destinação se dá através das emendas do relator, isto é, sem ingerência do Executivo.
“Na nossa história, não há um presidente boquirroto e que falou muita bobagem antes das eleições e que virou refém, como o Bolsonaro. Na nossa história, não tem orçamento secreto, onde os deputados passaram a ter mais força que os governadores nas negociações com os prefeitos”
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“Hoje os prefeitos não procuram o governador para discutir uma obra, procura um deputado. Viraram quase Deus. Não é o deputado que administra o Orçamento, é o Poder Executivo, mas o Bolsonaro não executa nada”, criticou.
Alckmin
Lula voltou a elogiar o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), seu provável companheiro de chapa. O petista diz que ainda aguarda que o ex-tucano escolha o partido ao qual vai se filiar para encaminhar a aliança na chapa presidencial.
“Tenho confiança no Alckmin. Fui presidente oito anos e tive relações com o Alckmin, relação de respeito, relações institucionais. Se der certo construir essa aliança, vai ser bom pro Alckmin, para mim e para o Brasil”, disse.
Lula desenhou para Alckmin teria um papel similar ao do empresário José Alencar (1931-2011), que foi seu vice nas eleições de 2002 e 2006, tendo voz ativa nas decisões de governo. Lula lembrou que Alencar, em período de crise, chegou a ocupar o Ministério da Defesa.
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