Sell-off não dá trégua em Wall Street com tensão geopolítica e Fed

Preocupação geopolítica continua a pesar mesmo com esforços diplomáticos para evitar guerra entre Rússia e Ucrânia

Tensão geopolítica e véspera de reunião do Fed acirram ânimos em NY
Por Rita Nazareth - Vildana Hajric - Emily Graffeo
25 de Janeiro, 2022 | 04:04 PM

Bloomberg — Os mercados de ações dos EUA retomaram o sell-off nesta terça conforme crescem as tensões antes da decisão de política monetária do Federal Reserve, com o presidente Jerome Powell enfrentando o desafio de lidar com a escalada da inflação sem diminuir significativamente o apetite ao risco.

A crescente preocupação geopolítica continuou a pesar no sentimento dos investidores, mesmo com os aliados ocidentais avançando com os esforços diplomáticos para evitar uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Os investidores também analisam o impacto dos resultados corporativos nos mercados.

O S&P 500 (SPX) segue no caminho para o seu pior mês desde o início da pandemia, enquanto o Nasdaq 100 (NDX), referência em tecnologia, teve desempenho inferior aos principais benchmarks. O dólar subiu ao lado dos títulos do Tesouro dos EUA.

A volatilidade entre ativos está aumentando novamente, com os investidores enfrentando uma espera nervosa pela decisão do Fed depois que Powell e várias autoridades passaram grande parte do mês sinalizando que pouco poderia impedi-los de planejar uma rápida remoção dos estímulos da era da pandemia. O Fundo Monetário Internacional cortou sua previsão de crescimento econômico mundial para 2022, citando perspectivas mais fracas para os EUA e a China, juntamente com a inflação persistente.

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“A volatilidade está de volta”, disse Lori Calvasina, chefe de estratégia de ações dos EUA na RBC Capital Markets, à Bloomberg Television. “Estamos tendo uma mudança radical em termos de política do Fed. Os investidores em ações, francamente, estão atrasados em antecipar o que está por vir, então há muito o que fazer.”

Tensão geopolítica

Surgiram evidências de que os governos europeus estão divididos sobre quais iniciativas russas, exceto um ataque militar à Ucrânia, devem desencadear sanções. Um porta-voz do Kremlin alertou que um movimento dos EUA para colocar até 8.500 soldados em alerta “exacerba as tensões”, já que um alto funcionário da Casa Branca disse que os reforços para as forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte na Europa Oriental estão “prontos para serem acionados a qualquer momento. "

Destaques corporativos:

  • A International Business Machines Corp. (IBM) reportou receita que superou as estimativas, impulsionada pela forte demanda na unidade de software;
  • A General Electric Co. (GE) não atingiu as expectativas de vendas para o quarto trimestre, pois lidava com o agravamento das pressões na cadeia de suprimentos;
  • A American Express Co. (AXP) elevou as previsões de receita e lucro depois que os gastos com seus cartões atingiram um recorde;
  • A Johnson & Johnson (JNJ) elevou o guidance de lucros e vendas para 2022 acima das expectativas médias de Wall Street. A receita do quarto trimestre ficou abaixo das estimativas dos analistas.
  • A Verizon Communications Inc. (VZ) superou as estimativas de crescimento de assinantes e deu uma previsão de ganhos para o ano inteiro que ultrapassou as expectativas;
  • A Nvidia Corp. (NVDA) está se preparando discretamente para abandonar a compra da Arm Ltd. do SoftBank Group Corp. depois de fazer pouco ou nenhum progresso na obtenção da aprovação do acordo de US$ 40 bilhões, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

No volátil setor de criptomoedas, o Bitcoin (BTC) estava sendo negociado em torno de US$ 36 mil, com leve baixa após seis quedas seguidas.

Destaques da semana:

  • Balanços de: Apple (AAPL), Boeing (BA), 3M (MMM), Deutsche Bank (DB), Microsoft (MSFT), Samsung e Tesla (TSLA);
  • Decisão de juros do Federal Reserve e entrevista coletiva do presidente Jerome Powell, quarta-feira;
  • Decisão da taxa de juros do Banco do Canadá, quarta-feira;
  • Relatório de estoque de petróleo bruto da EIA, quarta-feira;
  • Dados de crescimento do PIB dos EUA no quarto trimestre, além de pedidos iniciais de seguro-desemprego e bens duráveis dos EUA, quinta-feira;
  • Renda do consumidor dos EUA, números do sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, sexta-feira;

Alguns dos principais movimentos nos mercados:

Ações

  • O S&P 500 (SPX) recuava 1,3% pouco antes das 14h em Nova York (16h em Brasília);
  • O Nasdaq 100 (NDX) tinha baixa de 1,9%;
  • O Dow Jones Industrial (INDU) caía 0,2%;
  • O MSCI World (MXWO) tinha baixa de 0,65%;
  • O Stoxx 600 (SXXP) subia 0,7%;

Moedas

  • O Bloomberg Dollar Spot Index (DXY) subia 0,2%;
  • O euro (EUR) caía 0,5% para US$ 1,1269;
  • O iene japonês (JPY) estava em 113,86 por dólar;

Renda fixa

  • O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos (GT10) recuava dois pontos-base para 1,75%;
  • O rendimento dos títulos de 10 anos do Reino Unido estava em 1,16%;
  • O rendimento dos títulos de 10 anos da Alemanha subiam um ponto-base para -0,09%;

Commodities

  • O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) operava estável;
  • O ouro (XAU) operava estável.

(atualizado às 16h com cotações mais recentes)

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