Bloomberg — Uma tentativa de recuperação das ações americanas na tarde desta terça teve vida curta. Os papéis voltaram a cair no final do dia, com os investidores permanecendo preocupados com a postura do Federal Reserve para combater a inflação e a tensão entre Rússia e Ucrânia.
Embora o S&P 500 (SPX) tenha recuperado em parte os piores patamares atingidos durante o dia, ainda segue no menor nível desde outubro. O indicador apagou brevemente as perdas à tarde, quando surgiram novamente os chamados compradores em busca de oportunidades após uma queda de quase 3% nesta terça-feira. Diferentemente de segunda-feira, o índice não conseguiu uma reversão dramática e terminou em baixa. Na verdade, nunca houve duas sessões consecutivas em que o índice caiu pelo menos 2% em relação ao fechamento do dia anterior para terminar em alta, de acordo com dados compilados pela Bloomberg desde o início da década de 1980.
O Nasdaq 100 (NDX), referência em tecnologia, afundou 2,5%.
O risco de um “choque” no crescimento para as ações está aumentando, de acordo com estrategistas do Goldman Sachs Group Inc. (GS). Antes da decisão do Fed de quarta-feira, que deve apontar para um aumento dos juros em março, eles alertaram que um forte aperto monetário para domar a inflação pode eventualmente ter efeitos indiretos sobre a atividade econômica, prejudicando as ações. O Fundo Monetário Internacional cortou sua previsão de crescimento mundial para 2022, citando perspectivas mais fracas para os EUA e a China, juntamente com a inflação persistente.
Comentários:
- “A volatilidade está de volta. Estamos tendo uma mudança radical em termos de política do Fed. Os investidores em ações, francamente, estão atrasados em antecipar o que está por vir, então há muito o que fazer”, disse Lori Calvasina, chefe de estratégia de ações dos EUA na RBC Capital Markets, à Bloomberg Television;
- “Quando todos estão se perguntando qual é o estado do mundo, você está exposto a esses movimentos extremos nos preços de ações, que não têm um catalisador fundamental. O ruim é que isso pode levá-lo a uma direção muito assustadora“, disse Mike Zigmont, chefe de negociação e pesquisa da Harvest Volatility Management;
- “É hora de mergulhar no mercado de atacado? Ainda não isso. Estou esperando que o Fed realmente comece a subir os juros para inaugurar uma era talvez de um pouco menos volatilidade do que experimentamos em janeiro”, disse Kate Moore, chefe da equipe de alocação global de estratégia temática da BlackRock, à Bloomberg Television.
Destaques corporativos:
- A International Business Machines Corp. (IBM) reportou receita que superou as estimativas, impulsionada pela forte demanda na unidade de software;
- A General Electric Co. (GE) não atingiu as expectativas de vendas para o quarto trimestre, pois lidava com o agravamento das pressões na cadeia de suprimentos;
- A American Express Co. (AXP) elevou as previsões de receita e lucro depois que os gastos com seus cartões atingiram um recorde;
- A Johnson & Johnson (JNJ) elevou o guidance de lucros e vendas para 2022 acima das expectativas médias de Wall Street. A receita do quarto trimestre ficou abaixo das estimativas dos analistas.
- A Verizon Communications Inc. (VZ) superou as estimativas de crescimento de assinantes e deu uma previsão de ganhos para o ano inteiro que ultrapassou as expectativas;
- A Nvidia Corp. (NVDA) está se preparando discretamente para abandonar a compra da Arm Ltd. do SoftBank Group Corp. depois de fazer pouco ou nenhum progresso na obtenção da aprovação do acordo de US$ 40 bilhões, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
No volátil setor de criptomoedas, o Bitcoin (BTC) estava sendo negociado em torno de US$ 36 mil, com leve baixa após seis quedas seguidas.
Destaques da semana:
- Balanços de: Apple (AAPL), Boeing (BA), 3M (MMM), Deutsche Bank (DB), Microsoft (MSFT), Samsung e Tesla (TSLA);
- Decisão de juros do Federal Reserve e entrevista coletiva do presidente Jerome Powell, quarta-feira;
- Decisão da taxa de juros do Banco do Canadá, quarta-feira;
- Relatório de estoque de petróleo bruto da EIA, quarta-feira;
- Dados de crescimento do PIB dos EUA no quarto trimestre, além de pedidos iniciais de seguro-desemprego e bens duráveis dos EUA, quinta-feira;
- Renda do consumidor dos EUA, números do sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, sexta-feira;
Alguns dos principais movimentos nos mercados:
Ações
- O S&P 500 (SPX) teve baixa de 1,2% no fechamento;
- O Nasdaq 100 (NDX) caiu 2,5%;
- O Dow Jones Industrial (INDU) recuou 0,2%;
- O MSCI World (MXWO) teve baixa de 0,9%;
Moedas
- O Bloomberg Dollar Spot Index (DXY) operava estável;
- O euro (EUR) caía 0,2% para US$ 1,1303;
- O iene japonês (JPY) estava em 113,89 por dólar;
Renda fixa
- O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos (GT10) operava estável em 1,78%;
- O rendimento dos títulos de 10 anos do Reino Unido estava em 1,16%;
- O rendimento dos títulos de 10 anos da Alemanha subiam três pontos-base para -0,08%;
Commodities
- O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) subiu 2,5% para US% 85,38 o barril;
- O ouro (XAU) subiu 0,3% para US$ 1.850,10.
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