UE se divide sobre sanções contra ação da Rússia na Ucrânia

Países divergem sobre como responder a diferentes cenários e debatem até sobre o que constituiria um ataque

Debate complica o esforço dos aliados ocidentais de apresentar uma frente unida capaz de deter Moscou
Por John Follain - Alberto Nardelli e Jorge Valero
25 de Janeiro, 2022 | 01:57 PM

Bloomberg — Além de um ataque militar contra a Ucrânia, governos europeus enfrentam dificuldades para decidir quais ações específicas da Rússia devem desencadear sanções. O debate complica o esforço dos aliados ocidentais de apresentar uma frente unida capaz de deter Moscou.

Os preparativos da União Europeia, coordenados com os EUA, se concentram em outras formas de possível agressão russa, incluindo campanha de desinformação, ataque cibernético, restrição do abastecimento de gás ou tentativas de desestabilizar o governo do presidente Volodymyr Zelenskiy ou o banco central ucraniano, segundo representantes da UE com conhecimento das discussões.

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No entanto, os países divergem sobre como responder a diferentes cenários e debatem até sobre o que constituiria um ataque, disse um dos entrevistados, que pediu anonimato porque as conversas são privadas.

Os aliados ocidentais aceleram esforços diplomáticos para evitar uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, depois da conversa entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e líderes da UE na segunda-feira. No entanto, os países europeus têm opiniões diferentes sobre quais sanções políticas, econômicas ou financeiras devem ser impostas à Rússia em caso de ação contra a Ucrânia, resistindo à pressão dos EUA para alinhar medidas antecipadamente como forma de dissuadir Moscou.

Ofensiva duradoura

Os EUA e o Reino Unido intensificaram alertas sobre uma potencial invasão. A Rússia posicionou mais de 100.000 soldados perto das fronteiras da Ucrânia. Moscou não mostrou sinais de recuo mesmo após o Kremlin negar a intenção de invadir a Ucrânia.

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Os EUA e a Rússia ainda tentam chegar a uma solução diplomática. Os dois lados conversaram em Genebra na semana passada. Washington e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) planejam responder às demandas da Rússia por escrito nos próximos dias.

Os países da UE concordam em impor sanções se tropas russas cruzarem a fronteira, disseram os representantes governamentais. Mas além disso, não há consenso sobre outros gatilhos para medidas restritivas.

Outro problema que pode afetar a severidade das medidas é que as autoridades ainda não chegaram a um acordo sobre um cronograma para o que constituiria um ataque temporário ou uma ofensiva mais duradoura, segundo uma das fontes.

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Em meio à desavença sobre o que merece desencadear sanções, vários países do Báltico e do Leste Europeu argumentam que um ataque cibernético híbrido seria suficiente, de acordo com os representantes. Os esforços da UE para chegar a um acordo sobre medidas conjuntas são complicados pela dificuldade em identificar responsáveis, especialmente no caso de ataques cibernéticos ou atos para desestabilizar o governo de Zelenskiy.

A UE está aprimorando um pacote de sanções que mira a capacidade de Moscou de converter moeda estrangeira, de acordo com uma fonte. O bloco também considera controles de exportação, proibição de exportações e importações e limitação do acesso a tecnologias. O sistema Swift de pagamentos e penalidades no mercado de energia ainda estão em análise. No entanto, a UE, os EUA e o Reino Unido precisam fazer mais para identificar e esclarecer gatilhos específicos para diferentes sanções, acrescentou a fonte.

Integrantes de peso na UE pediram exceções a algumas das medidas propostas, como períodos de transição e isenções para alguns bancos, transações relacionadas a energia e contratos existentes, segundo uma das pessoas ouvidas pela reportagem.

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