São Paulo — A Petrobras (PETR4) disse, nesta terça-feira (25), que ainda está em fase de negociação com os consórcios liderados pela PetroRio (PRIO3) para a venda dos campos de Albacora e Albacora Leste, na Bacia de Campos, e que não há data definida para a conclusão de tratativas e assinatura de contratos.
O comunicado da estatal foi uma resposta à notícia de que a assinatura do contrato ocorrerá apenas em março e que a conclusão da operação foi prorrogada para o final do primeiro trimestre por causa da decisão da petroleira de renegociar alguns pontos comerciais da proposta, como divulgou o portal especializado Petróleo Hoje.
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“A companhia esclarece ainda que a celebração da transação dependerá do resultado das negociações, bem como das aprovações corporativas necessárias. A depender dos termos dos contratos negociados, poderá haver uma rodada final de ofertas”, afirmou a estatal, lembrando que as ofertas para ambos os campos superaram US$ 4 bilhões.
O futuro dos campos de Albacora e Albacora Leste começou a ser traçado no último dia 5 de novembro, quando a PetroRio anunciou que iria começar a negociar os termos finais do negócio com a Petrobras. Dois consórcios fizeram ofertas bilionárias pelos ativos (PetroRio/Cobra e EIG Global Energies Partners/Enauta/3R Petroleum), segundo revelou a Petrobras, em setembro.
Os dois campos à venda ficam na Bacia de Campos, bacia sedimentar na costa norte do Rio de Janeiro, estendendo-se até o sul do estado do Espírito Santo. O campo de Albacora possui uma área de 455 km², enquanto Albacora Leste ocupa uma área de 511,56 km². Ambos os campos estão situados na área norte da Bacia de Campos.
A estatal decidiu vender os dois ativos justificando que sua estratégia é concentrar cada vez mais os seus recursos em águas profundas e ultraprofundas do pré-sal. No ano passado, a Petrobras disse ter alcançado US$ 4,8 bilhões com a assinatura da venda de 17 ativos e da conclusão de 14 processos de desinvestimento.
Follow-on
Analistas do mercado de petróleo e gás já comentaram que a PetroRio teria de levantar ainda recursos para pagar a Petrobras, pois não teria ainda o dinheiro suficiente para quitar os ativos.
“Somando caixa e um nível relativo de alavancagem, que poderia atingir até 2,5x segundo o covenant mais restritivo da companhia, PetroRio disporia de um valor de até US$ 1,5 bilhão para lidar com novas aquisições ao seu portfólio. Dado os valores envolvendo a atual negociação serem maiores, acreditamos que a PetroRio possivelmente viria a mercado através de um novo follow-on (oferta subsequente de ações) em busca dos recursos necessários para o sucesso da transação, que tem caráter transformacional para a companhia, e motiva a escalada visualizada em suas ações”, comentou o analista de research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.
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