Flapper compra 25 eVTOLs para voos no Brasil, Chile, Colômbia e México

Acordo com Jaunt é para expandir mobilidade aérea elétrica na América Latina nos próximos oito anos

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São Paulo — A Flapper, plataforma de fretamento aéreo sob demanda, líder na América Latina, anunciou, nesta terça-feira (25), que assinou uma carta de intenção com a Jaunt Air Mobility, empresa aeroespacial sediada na cidade norte-americana de Dallas, no Texas, para a compra de aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOL). Após a assinatura de um acordo final, a Jaunt irá providenciar para a Flapper 25 aeronaves movidas a bateria para aumentar a frota de Mobilidade Aérea Urbana (UAM) na América Latina.

Juntas, as companhias planejam atender diversos mercados essenciais na América Latina, incluindo a Cidade do México, no México, Santiago, no Chile, Bogotá, na Colômbia, São Paulo e Rio de Janeiro, no Brasil, informou Paul Malicki, CEO da Flapper, à Bloomberg Línea.

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Além da Jaunt, a companhia tem parcerias firmadas com a Eve, da Embraer, a Electra e MagniX, com previsão de lançamento das aeronaves de diferentes tecnologias e designs para o intervalo entre 2026 e 2030, dependendo do andamento dos projetos e do processo de certificação, segundo Malicki.

Por meio da parceria com a Jaunt, a Flapper diz que terá como objetivo oferecer uma nova forma de viagem urbana com segurança e eficiência operacional. Juntas, as empresas esperam lançar uma nova era de transporte na América Latina. Segundo o CEO da Flapper, a eficiência da Jaunt foi um fator relevante para o acordo.

“Após um exame minucioso das já existentes arquiteturas de mobilidade urbana, nós acreditamos que o projeto de asa fixa e o rotor desacelerado da Jaunt é uma das aeronaves mais eficientes e seguras já criadas. A tecnologia da Jaunt Journey tem uma performance similar a um projeto de asa fixa, o que é perfeito, considerando os aeroportos da região, que têm pistas curtas, pedras e alta altitude”, disse o executivo.

Simon Briceno, diretor comercial da Jaunt, comentou, em nota, que a empresa se unir à Flapper significa uma parceria assertiva e promissora para introduzir uma nova forma de viagem urbana nas cidades da América Latina.

“A reputação e experiência da Flapper no serviço de fretamento sob demanda são bem conhecidas, e eles têm um entendimento real da oportunidade de crescimento dos nossos veículos de zero emissão de carbono’', afirmou Briceno.

Frota

Por meio da sua plataforma, a Flapper disponibiliza uma frota parceira que conta mais de 900 aeronaves. Os clientes podem escolher entre mais de 80 tipos diferentes de jatos, turboélices, e helicópteros e conseguem um orçamento instantaneamente.

A Jaunt projeta e fabrica eVTOL baseada na comprovação da tecnologia de rotor desacelerado. O táxi-aéreo da Jaunt Journey é considerado a primeira aeronave do mundo que combina helicóptero e a capacidade de voo da asa fixa, com destaque para o pouco barulho, além de conforto, segurança e eficiência operacional. A empresa diz ser uma das únicas de eVTOL que está alinhada com as atuais regras de certificação da categoria de transporte.

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“A Jaunt Journey tem significantes recursos de design que permitem que as aeronaves voem em diversas condições climáticas. Um único rotor principal é a forma mais eficiente de decolar e aterrissar e tem capacidades comprovadas mesmo em condições de ventos fortes, comum nos litorais. A aeronave oferece nível mais alto de segurança do que os helicópteros de hoje”, afirma Martin Peryea, CEO/CTO, da Jaunt.

A implantação das aeronaves da Jaunt Journey na Flapper está sujeita ao acordo final definitivo entre as empresas, com entrega prevista nos próximos 8 anos.

Preço

O CEO da Flapper espera um boom da mobilidade aérea elétrica na América Latina nas próximas décadas, com o desenvolvimento da aviação regional. Indicadores acompanhados pela empresa apontam que a demanda por táxi-aéreo na região está em alta, o que incentiva a aposta na expansão internacional da Flapper.

O executivo conta que atualmente no mundo existem cerca de 600 projetos de eVTOL, que ainda enfrentam os desafios da certificação. “As companhias ainda não precificaram suas aeronaves, mas devem ser 50% mais baratas do que os atuais aviões e helicópteros”, diz Malicki.

Ele prevê, com as aeronaves elétricas, a disponibilidade de rotas regulares entre o aeroporto internacional de Guarulhos, o maior do país, e os helipontos da avenida Faria Lima, principal corredor financeiro de São Paulo. Hoje um helicóptero faz esse trecho por R$ 4.000 para três assentos. Com o eVTOL, o táxi aéreo poderia cair para R$ 250 por pessoa.

O mercado do Sudeste é o principal foco da Flapper, pois está o maior número de seus clientes. Além de São Paulo e Rio de Janeiro, a companhia estuda soluções para outras capitais, como Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Curitiba, no Paraná, na região Sul. “Há potencial também para atender às comunidades indígenas na Amazônia. Hoje o transporte aeromédico é feito em aeronaves Caravan Anfíbio, que não são econômicos”, afirma.

Sobre as vantagens do eVTOL, o CEO da Flapper destaca a sustentabilidade ambiental, já que as aeronaves elétricas são movidas a batéria, e não a combustíveis fósseis. Malicki diz que atualmente a aviação comercial é responsável por 2% das emissões de carbono, enquanto a aviação executiva responde por apenas 0,6%. “O eVTOL é mais silencioso, não tem barulho de motor. O som que emite lembra o de um mosquito”, compara.

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