Por Gino Matos para Mercado Bitcoin
São Paulo — Em ano de eleição, as incertezas costumam gerar mais volatilidade no mercado financeiro. Em relatório da área de investimento do banco Santander, a economista e ex-secretária do Tesouro Nacional Ana Paula Vescovi avalia que, em 2022, no Brasil, quando eleitores estarão indo às urnas em outubro, o impacto deverá vir na forma de oscilações mais frequentes.
Nesse cenário, o momento pode ser oportuno para os investidores olharem para o segmento das moedas digitais. Embora as criptomoedas sejam ativos que, a exemplo de outros do mercado tradicional, embutem um grau de volatilidade, é possível, segundo muitos especialistas, investir nesse segmento com bons retornos e segurança, e especialmente minimizar perdas.
Na Argentina, por exemplo, a stablecoin DAI ganhou popularidade como instrumento para driblar a desvalorização da moeda local, o peso. As stablecoins são criptomoedas lastreadas em ativos reais, como ouro ou dólar, entre outros, e por isso seu valor está sujeito a uma volatilidade menor.
Outro exemplo vem da Venezuela, país que nos últimos anos convive com uma hiperinflação e onde o Bitcoin, ao lado de outras criptomoedas, vem sendo usado na economia, em especial no dia a dia dos venezuelanos, como uma saída para reduzir o impacto dos preços elevados.
Alexandre Amorim, gestor de investimentos da empresa de planejamento financeiro ParMais, lembra, no entanto, que o Bitcoin, que ganhou status de ‘ouro digital’, não deve ser pensado pelo investidor como uma reserva de valor.
“O conceito de reserva de valor é o de se proteger das oscilações, da inflação, da perda de valor da moeda”, diz. Ele ressalta que o Bitcoin pode ser útil em um cenário de instabilidade para ‘dolarizar’ o patrimônio e facilitar a transferência internacional de custódia.
Stablecoins como saída
No mercado de criptomoedas, é normal que ativos reais sejam transportados para o meio digital na forma de tokens. Amorim avalia que as stablecoins são uma “alternativa interessante” para alocar capital e proteger o patrimônio durante momentos econômicos turbulentos.
Ele chama atenção, no entanto, para o cuidado que o investidor deve ter em relação ao valor aplicado. “É necessário conferir se há uma reserva de recurso no lastro na mesma proporção do criptoativo em que se investiu. Para cada dólar em stablecoin, por exemplo, deve existir uma reserva equivalente que garanta a validade dos tokens”, explica.
Esse é o caso visto na Argentina, onde a stablecoin lastreada em dólares DAI cresceu em utilização. A restrição de câmbio imposta à população pelo governo, que limitou a US$ 200 ao mês o valor permitido de troca no mercado cambial, também acabou ampliando o interesse no uso da DAI. Em 2020, o volume negociado da stablecoin aumentou 600% sobre o ano anterior.
Vantagens em relação ao tradicional
O gestor da ParMais ressalta ainda que as criptomoedas não são as únicas formas de proteger o patrimônio durante o período de instabilidade econômica. Ele menciona a facilidade das contas no exterior, onde é possível alocar capital e driblar as oscilações do real. As criptomoedas, contudo, apresentam maior acessibilidade e facilidade na hora de se resguardar de fortes perdas.
No Brasil, basta criar uma conta em uma exchange, que o investidor deve pesquisar entre as sólidas e conceituadas, como o Mercado Bitcoin, maior plataforma para negociação de criptoativos na América Latina, onde é possível adquirir mais de 100 ativos digitais a qualquer hora e em qualquer dia da semana.
Além disso, há a facilidade de transmissão de custódia já mencionada por Amorim. Enquanto muitas empresas de serviços e transferências financeiras internacionais impõem limites que podem chegar a até R$ 14 mil em alguns casos para o envio de recursos, que além dos custos com IOF e o câmbio comercial pode demorar até quatro dias úteis, quantias ilimitadas são enviadas de um país a outro a qualquer momento com o Bitcoin e com taxas, hoje, que não ultrapassam os R$ 10.