Bloomberg — O alto escalão do banco central britânico optou pelo silêncio antes da importante reunião de fevereiro, permitindo a consolidação das expectativas de outro aumento na taxa básica de juros.
Desde a elevação de juros em dezembro, poucos dos nove integrantes do Comitê de Política Monetária se manifestaram publicamente e não há programação para qualquer fala antes da próxima reunião. Isso apesar de o mercado estar reforçando apostas em outro acréscimo no encontro de 3 de fevereiro.
A postura silenciosa contrasta com os comentários efusivos que antecederam as reuniões de novembro e dezembro. E diverge de outros bancos centrais ao redor do mundo, sobretudo o Federal Reserve dos EUA, que intensificou a retórica de combate à inflação.
“O que achamos particularmente intrigante no momento é o contraste acentuado entre os membros do Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra e seus pares no Fed, com o contingente do BC britânico sendo notavelmente silencioso”, afirmou Gary Kirk, sócio da TwentyFour Asset Management. “Isso parece deliberado e coordenado.”
O aumento de juros em dezembro foi o primeiro desde o início da pandemia, mas a decisão da próxima semana tem a mesma importância.
Outra elevação constituiria o primeiro aperto consecutivo desde 2004. A medida também poderia permitir a redução da carteira de títulos do Banco da Inglaterra, de 895 bilhões de libras esterlinas (US$ 1,2 trilhão), a partir de março, marcando a primeira diminuição desde o início da flexibilização quantitativa há mais de uma década.
Antes das duas decisões anteriores sobre juros, representantes do BC britânico fizeram diversas aparições, que resultaram em pelo menos 10 comentários significativos sobre a economia e a política monetária. Essas manifestações regularmente afetaram as expectativas do mercado.
Desde então, houve apenas um discurso oficial sobre política monetária – pela integrante do comitê Catherine Mann, em 21 de janeiro. O comandante do BC, Andrew Bailey, e seu vice, Jon Cunliffe, deram depoimentos ao Parlamento em 19 de janeiro, principalmente sobre estabilidade financeira e riscos de disparada da inflação. Mann falou principalmente sobre questões internacionais em outros painéis dos quais participou este mês.
As duas reuniões anteriores do Banco da Inglaterra resultaram em decisões que surpreenderam os investidores, provocando críticas à instituição.
Desta vez, as autoridades aparentemente resolveram permitir que os dados econômicos falem por si só. Esses dados apontam para a necessidade de medidas urgentes, diante da maior inflação em três décadas e dos reajustes salariais sustentados pelo crescimento firme do mercado de trabalho.
Um aspecto relevante é que a variante ômicron do coronavírus se mostrou mais benigna. O governo está começando a flexibilizar restrições, que já foram menos rigorosas do que muitos temiam. O quadro fortalece o entendimento de que qualquer desaceleração na atividade terá curta duração e será seguida de uma recuperação robusta.
“O argumento para o Banco da Inglaterra subir juros em sua primeira reunião de 2022 ficou bem mais forte ultimamente. Agora esperamos que o Comitê de Política Monetária eleve a taxa em 0,25 ponto percentual para 0,5% em fevereiro, três meses antes que o previsto anteriormente”, diz Dan Hanson, da Bloomberg Economics.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também
Queda do preço do Bitcoin testa resiliência dos mineradores de cripto
Bolsonaro lamenta morte de Olavo de Carvalho, guia ideológico do governo