Bancos resistem ao plano da China de restringir IPOs no exterior

Segundo as instituições, regras preliminares são ambíguas e expandirão o alcance regulatório do governo chinês

Para os bancos, a nova proposta aumentará os custos operacionais e dificultará o enquadramento regulatório para companhias que operam em Hong Kong
Por Cathy Chan
25 de Janeiro, 2022 | 12:00 PM

Bloomberg — Bancos globais estão comunicando suas preocupações a autoridades na China sobre um plano para endurecer as regras para listagem de ações no exterior. Segundo as instituições, as regras preliminares são ambíguas e expandirão o alcance regulatório do governo chinês para além das fronteiras do país.

As propostas também aumentarão custos e impedirão a concretização de transações, afirmou a principal associação de instituições financeiras de Hong Kong em carta à Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China no domingo, segundo pessoas a par do assunto. A carta pede mais clareza sobre as exigências de documentação e sobre o que constitui infração, afirmaram as fontes, que pediram anonimato para discutir o assunto.

PUBLICIDADE

Um representante da Associação de Valores Mobiliários e Mercados Financeiros da Ásia junto à imprensa se recusou a comentar, assim como a CVM chinesa.

Veja mais: FMI corta previsão de crescimento econômico mundial em 2022 para 4,4%

Qualquer reação contra a China é arriscada para os bancos de Wall Street e seus rivais europeus, que buscam erguer grandes operações de banco de investimento e gestão de ativos na segunda maior economia do mundo. Centenas de empresas chinesas, incluindo gigantes como Tencent Holdings e Alibaba Group Holding, listaram papéis no exterior nas últimas duas décadas. Os bancos de investimento embolsaram mais de US$ 6 bilhões com essas transações desde 2014.

PUBLICIDADE

A China revelou o plano de reformular os regulamentos para venda de ações no exterior em dezembro. O governo se preocupa com o vazamento de dados confidenciais e deu poderes para uma agência reguladora de segurança cibernética policiar quem pode abrir o capital fora do país. A iniciativa faz parte de uma repressão mais ampla às grandes empresas de tecnologia, que incluiu enormes multas antitruste e a suspensão da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da Ant Group, do bilionário Jack Ma, avaliada em US$ 35 bilhões.

Um esboço das novas regras foi submetido a comentários do público. Para os bancos, a nova proposta aumentará os custos operacionais e dificultará o enquadramento regulatório para companhias que operam em Hong Kong ou outros locais fora da China continental, segundo pessoas a par do assunto.

A falta de detalhes de implementação e o caráter vago das palavras usadas na proposta geraram desconforto entre os profissionais de banco de investimento, afirmaram as fontes. Uma das regras proíbe listagem no exterior se a empresa ou seu principal acionista cometer o crime de “perturbar a ordem da economia socialista de mercado”.

PUBLICIDADE

Os bancos globais temem que suas licenças possam ser facilmente revogadas e que os profissionais do ramo enfrentem riscos individuais, disseram as fontes. Na carta, a associação pediu que a CVM ajude os bancos a entenderem o que seriam as preocupações com a segurança nacional.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

PUBLICIDADE

Queda do preço do Bitcoin testa resiliência dos mineradores de cripto

Pentágono coloca 8.500 soldados em alerta para reforços perto da Ucrânia