Capitânia só consegue comprar 750 cotas do fundo do Pátria em leilão

Gestora tentou, via oferta pública, adquirir 1,9 milhão de cotas do Pátria Edifícios Corporativos (PATC11). Destino dos imóveis deve ir à assembleia

Sky Corporate (esq.) e o Central Vila Olímpia, em SP: dois prédios de alto padrão onde o PATC11 tem lajes corporativas
24 de Janeiro, 2022 | 08:04 PM

A tentativa da gestora Capitânia Investimentos de comprar a totalidade do fundo de investimento imobiliário Pátria Edifícios Corporativos (PATC11), através de uma OPAC (Oferta Pública para Aquisição de Cotas do Fundo), teve baixa adesão.

No leilão ocorrido nesta segunda (24), a Capitânia conseguiu comprar apenas 750 cotas das 1,929 milhão que pretendia para assumir com a OPAC. A informação foi confirmada pela B3 à Bloomberg Línea nesta segunda.

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No mercado, a OPAC foi entendida como um ataque do Capitânia ao fundo imobiliário gerido pela Pátria Investimentos, que concentra uma carteira de imóveis de alto padrão em prédios corporativos de São Paulo e está sendo negociado em bolsa abaixo do valor patrimonial. Segundo a gestora, o objetivo final é a venda dos imóveis a valores de mercado.

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ENTENDA O CASO: Incomum no mercado de capitais brasileiro, o movimento do Capitânia visou destravar o valor do investimento. Na oferta de aquisição, o Capitânia ofereceu pagar R$ 65 por cota, mas o valor patrimonial dos imóveis seria o equivalente a R$ 86,51 por cota em 31 de dezembro, segundo o Pátria.

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O Pátria reagiu após o anúncio da OPAC com uma carta em que defendeu que o valor oferecido pelo Capitânia não só estava abaixo do valor patrimonial, como não “maximizava os ganhos do cotista”. Segundo o Pátria, os ativos têm forte potencial de valorização em médio prazo.

O QUE VEM PELA FRENTE: Não é possível afirmar que a baixa adesão dos cotistas à OPAC nesta segunda reflete confiança na tese de investimento apresentada pelo Pátria sobre valorização a médio prazo, segundo a interpretação de uma fonte com conhecimento do negócio à Bloomberg Línea.

Com 44.52% das cotas do PATC11, o Capitânia pode convocar uma assembleia para deliberar a liquidação do fundo – com a venda dos imóveis e a distribuição dos lucros entre os cotistas. Cotistas que não tiveram interesse de vender agora – e provavelmente realizar o prejuízo – podem tentar capturar o valor patrimonial dos imóveis em uma eventual liquidação.

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O patrimônio do PATC11 fechou dezembro valendo R$ 300 milhões. Na cotação de R$ 65, o fundo é precificado em R$ 226 milhões.

Pátria e Capitânia foram procurados pela Bloomberg Línea hoje, mas não quiseram se manifestar sobre o caso.

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Graciliano Rocha

Editor da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela UFMS. Foi correspondente internacional (2012-2015), cobriu Operação Lava Jato e foi um dos vencedores do Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018. É autor do livro "Irmã Dulce, a Santa dos Pobres" (Planeta), que figurou nas principais listas de best-sellers em 2019.