BP Bunge ganha aval dos EUA para exportar etanol a partir do Brasil

Quando as empresas criaram joint venture, 60% do combustível nacional exportado tinha como destino o mercado americano

Estados Unidos aumentou sua produção e reduziu necessidade de importar o combustível brasileiro
24 de Janeiro, 2022 | 06:41 PM

Bloomberg Línea — Quando BP e Bunge anunciaram em dezembro de 2019 a criação de uma joint venture de açúcar e bioenergia (etanol) no Brasil para operar 11 usinas, com capacidade para processar 32 milhões de toneladas por ano de cana, os Estados Unidos eram o maior cliente do etanol exportado pelas usinas nacionais. Naquele ano, as vendas externas do combustível derivado da cana-de-açúcar somaram 1,93 milhão de metros cúbicos, dos quais 1,19 milhão foram para os Estados Unidos.

Hoje, a BP Bunge Bioenergia comunicou que suas 11 unidades agroindustriais conquistaram a certificação da EPA (Environmental Protection Agency), a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, o que credencia as usinas a exportarem o biocombustível para o mercado americano. Agora, parte da capacidade de produção de 1,7 milhão de metros cúbicos por safra poderá ser destinada aos Estados Unidos.

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“Queremos desempenhar um papel de liderança em uma transição rápida para um futuro de baixo carbono. Essa certificação em todas as nossas unidades é mais um passo nessa direção e está em linha com a nossa agenda de compromissos para 2030, que traz metas voltadas às mudanças climáticas com foco na redução de emissões”, disse em nota Mario Lindenhayn, presidente executivo e do Conselho de Administração da empresa.

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Contudo, nos últimos dois anos, a participação dos Estados Unidos caiu consistentemente nas exportações de etanol do Brasil. O país segue como o segundo maior destino do combustível nacional, mas com uma participação muito inferior, ao redor de 23%. Entre 2019 e 2021, as vendas externas de etanol do Brasil cresceram apenas 1%, passando de 1,93 milhão de metros cúbicos para 1,95 milhão no ano passado, conforme dados do Observatório da Cana. No mesmo período, os embarques para os Estados Unidos recuaram 62% para pouco mais de 460 mil metros cúbicos em 2021.

O motivo para a queda nas exportações para os Estados Unidos é simples: demanda. O mercado americano reduziu nos últimos dois anos sua necessidade de importar o combustível. Entre 2019 e 2021, as usinas que usam o milho como matéria-prima para produção do combustível, elevaram em 4% sua capacidade de produção. Percentualmente, o valor pode ser baixo, mas representou um incremento de 2,5 milhões de litros. O volume adicionado na capacidade das indústrias americanas em apenas dois anos é mais de 30% superior a todo o etanol exportado pelo Brasil no ano passado.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.