Renault debanda de aliança com Nissan para obter tração na China

Francesa buscou ajuda de outra montadora para começar a vender carros híbridos no gigante asiático

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Bloomberg — O CEO da Renault (RNL) está farto dos negócios moribundos da montadora na China e está disposto a rasgar o acordo firmado com sua parceira Nissan Motor (NSANY) há anos para virar o jogo.

A montadora francesa e sua contraparte japonesa adotaram uma estratégia de “líder-seguidor” em maio de 2020, na qual cada empresa assumiria o controle em determinadas regiões e abdicaria dele em outras. O objetivo era reviver a cooperação e extrair economias de uma aliança afetada pela prisão do líder de longa data Carlos Ghosn em 2018.

O plano atribuiu locais principais para a Renault, a Nissan e a Mitsubishi Motors (MMTOY) nos quais elas serviriam de referência para as outras empresas para aumentar a competitividade e compartilhar recursos. Mas ao tentar mudar as coisas na China, o CEO da Renault, Luca de Meo, procurou ajuda fora da aliança, buscando parceria com a Geely Holding Group que inclui a venda de carros híbridos no maior mercado automotivo do mundo.

“Toda a estratégia da Renault na China estava errada”, afirmou de Meo à Bloomberg News durante um evento de mídia na semana passada. “Não é culpa da Nissan. Ela até pode ser a líder na China, mas não está lá para ser caridosa”.

A união anunciada no ano passado com a Geely – que também controla a Volvo Car (VLVLY) e tem laços acionários com a Daimler – falou sobre a natureza ainda fraca das relações entre a Renault e a Nissan. Embora as montadoras tenham agendado um briefing para 27 de janeiro para revelar novos projetos em comum, trabalhar em conjunto na China não está nos planos.

A Renault não envolveu a Nissan em suas discussões com a Geely, que renderam um acordo preliminar em agosto, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. Embora ambas costumassem cooperar em áreas como pesquisa e recursos humanos, a colaboração e a comunicação diminuíram, disse uma das fontes, que pediu para não ser identificada porque as deliberações não são públicas.

O espírito continua

Os representantes da Nissan não quiseram comentar. Makoto Uchida, CEO da Nissan, contou à Bloomberg Television na quinta-feira (20) que “a aliança sempre terá uma parceria estratégica em conjunto”.

“Estamos desenvolvendo várias novas tecnologias para eletrificação, incluindo plataformas, e-powertrains e baterias dentro da Aliança”, disse Uchida. “Há 21 anos alcançamos com sucesso a colaboração e as sinergias. Esse espírito e essa mentalidade continuarão, e esse impulso deve ser melhorado”.

A Renault vendeu apenas 19.229 veículos na China no ano passado, levando sua participação de mercado no país para 0,08%. As vendas da Nissan na China caíram 5,2%, chegando a 1,38 milhão de unidades, disse a montadora em 6 de janeiro.

“A Nissan não conseguiu nos resgatar”, disse de Meo.

A Geely e a Renault anunciaram na sexta-feira (21) que estão avançando com parte de seu acordo-quadro firmado há cinco meses. A fábrica da Renault-Samsung em Busan, na Coreia do Sul, fabricará carros híbridos e a combustão usando arquitetura e tecnologias de powertrain da Geely, com início da produção previsto para 2024. A dupla ainda não finalizou as negociações para a Geely ajudar a Renault a vender veículos híbridos em China.

A Renault tem uma ampla gama de parcerias na China que estão em um estado de fluxo há vários anos. Ela saiu de um empreendimento com a Dongfeng Motor em 2020 para focar em veículos comerciais e carros elétricos. Em dezembro do ano passado, ela disse que seu empreendimento de veículos comerciais com a Brilliance Auto Group Holdings não cumpriu as obrigações financeiras e iniciou uma reestruturação. A empresa ainda tem um acordo de produção com a Nissan para o veículo elétrico Dacia Spring, exportado para a Europa, e um empreendimento de veículos elétricos com a Jiangling Motors.

“Estamos tentando limpá-los”, disse de Meo sobre os negócios da Renault na China. A empresa provavelmente precisará de alguns anos para realizar um projeto inovador o suficiente para conquistar uma parte desse mercado “bastante avançado”, disse.

--Com a colaboração de Reed Stevenson e River Davis.

--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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