Bloomberg — A mistura tóxica de alta de juros e queda dos lucros é mau sinal para os mercados de ações e dívida corporativa dos EUA neste ano, alerta o Bank of America.
“Juros sobem e lucros caem = combinação ruim para crédito e ações”, escreveram estrategistas liderados por Michael Hartnett em relatório. Segundo eles, as duas classes de ativos terão retorno negativo em 2022, com o “choque dos juros” no primeiro semestre seguido pelo “pânico com uma recessão” na segunda metade do ano.
A perspectiva de uma postura mais agressiva pelo banco central americano (Federal Reserve) abalou bolsas do mundo inteiro e o MSCI World Index acumula perda de 5% desde o começo de 2022. O Nasdaq 100 entrou em correção nesta semana, dado que as ações avaliadas de acordo com expectativas de crescimento futuro — caso das empresas de tecnologia — foram as mais atingidas. Nos mercados de crédito, o medo de juros maiores eleva os custos de captação em quase todas as classes de ativos. A maioria dos índices mostra a pior perda para um início de ano em décadas.
Os estrategistas do BofA entendem que, apesar da ampla aceitação da perspectiva de aumento de juros, o ambiente de acomodação existente há tanto tempo significa que as expectativas são muito baixas. Para eles, o Fed está “histericamente atrás da curva” e deve subir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual na reunião da semana que vem.
Quanto às bolsas, Hartnett ressalta que os indicadores antecedentes para os lucros das empresas — como a atividade da indústria de transformação no estado de Nova York — começaram a piorar. Para o estrategista, juros maiores vão impactar particularmente as ações que já fizeram grande sucesso, como as de empresas de construção residencial e semicondutores.
Apesar da derrapada no mercado acionário global, as bolsas atraíram US$ 52 bilhões nos primeiros 13 pregões do ano, de acordo com dados de fundos da EPFR Global citados pelo BofA. É pouco menos do que os US$ 53 bilhões em entradas registradas no mesmo período de 2021. Já os fundos de renda fixa sofreram saídas.
“O aumento de juros pelo Fed encontra mercados de crédito e ações supervalorizados e o aperto pelo Fed sempre ‘quebra’ algo”, escreveu Hartnett.
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