Bloomberg — Um dos maiores comerciantes de café do mundo espera mais um ano de escassez, pois a seca e as geadas reduziram o potencial de safra do Brasil.
A produção global deve ficar 1,4 milhão de sacas abaixo da demanda na temporada que começa em outubro na maioria dos países, disse a Volcafe, unidade de café da trader de commodities ED&F Man, em relatório trimestral consultado pela Bloomberg. O número segue um déficit recorde de 11,2 milhões de sacas na temporada atual.
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O déficit será impulsionado pelo Brasil, onde a safra de grãos arábica, afetada pelo clima, provavelmente será 17% menor que o esperado anteriormente, segundo a trader suíça. Isso pode gerar um novo aumento nos preços, que já subiram quase 80% no ano passado – a maior alta anual desde 2010.
Uma pesquisa recente realizada pela Volcafe indica que o Brasil tem potencial para produzir 37,5 milhões de sacas de grãos arábica, o tipo mais suave e favorecido pela Starbucks (SBUX). A projeção do potencial de safra era de 45 milhões de sacas em setembro. O número representa uma queda de 30% do período entre 2020 e 2021 – a última vez que as árvores de arábica do Brasil estiveram em alta em um ciclo de dois anos.
Estoques
A safra menor que o esperado no Brasil evitará o acúmulo de estoques, algo que geralmente acontece durante o ciclo de maior produtividade, segundo o relatório.
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O mercado agora precisará contar com outros países produtores de café “para aumentar a oferta e evitar mais racionamento pela demanda, pois é controverso o fato de que o mercado pode sustentar uma terceira temporada de déficit estrutural” em 2023 e 24, disse a Volcafe.
O consumo de café deve crescer apenas 1% em 2021 e 2022 e 0,7% na temporada seguinte – percentual abaixo da previsão anterior de 1,5% – estima a Volcafe. Atender a essa demanda significará uma maior incorporação da variedade robusta, mais barata e mais amarga, nos blends.
--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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