Barcelona, Espanha — A agitação no mercado de títulos da dívida se acalmou e alguns balanços corporativos prometem trazer alento às bolsas. Depois da queda das últimas sessões, o mais previsível seria que os investidores voltassem às compras. Há muitos fatores em jogo, no entanto, e a volatilidade ainda dá o tom. As bolsas na Europa trabalham em direções contrárias, enquanto os futuros de índices nos EUA encadeiam alta moderada desde o começo da manhã.
Ainda que tenham recuado, os prêmios dos bônus do Tesouro norte-americano continuam altos, empurrados pela preocupação com o ritmo de alta dos preços e a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) suba os juros a um passo mais acelerado. O temor de que a escalada inflacionária comprometa a recuperação econômica e que traga consequências para a política monetária levou, ontem, os títulos de referência da Alemanha ao território positivo pela primeira vez desde maio de 2019.
- A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse que o BCE tem “todas as razões” para não responder com a mesma contundência que o Fed ao aumento dos preços ao consumidor. Mas com o avanço das commodities de energia, os mercados têm dúvida se a sinalização do BCE sobre juros é correta. Embora as autoridades insistam que um aumento em 2022 é bastante improvável, os mercados de curto prazo apostam em acréscimo de 0,10 ponto percentual, para -0,4%, já em setembro, com o custo de captação saindo do território negativo até o final do ano que vem.
O rali do petróleo representa um desafio para nações consumidoras e bancos centrais, que tentam conter a inflação enquanto apoiam o crescimento econômico. Depois de baterem no maior patamar desde 2014, os preços do petróleo retrocedem esta manhã. O presidente americano Joe Biden disse que o seu governo trabalhará para aumentar os suprimentos disponíveis. Porém, embora Biden tenha algumas opções para lidar com o aumento dos preços do petróleo, muitas delas seriam limitadas e provavelmente de curta duração. Os estoques de petróleo dos EUA devem subir em 1,4 milhão de barris na semana passada, segundo pessoas familiarizadas com os dados do American Petroleum Institute. Esse seria o primeiro ganho em oito semanas se confirmado por dados oficiais na quinta-feira.
Ainda que os balanços corporativos possam trazer alegrias ao mercado, os olhos dos investidores também estarão dirigidos a estes fatores:
🏦 Ata do BCE - hoje o Banco Central Europeu divulga a minuta da reunião de dezembro. Os operadores querem saber se os membros do BCN deixam antever preocupações quanto ao aumento dos preços e se há alguma menção sobre o fim do programa de recompra de ativos, que interferirá na liquidez do mercado.
🪖 Tensão geopolítica no ar – o presidente norte-americano Joe Biden lançou nova advertência a Rússia ante o aumento da probabilidade de que este país invada a Ucrânia. Disse que os EUA e seus aliados europeus trabalham para assegurar que a Rússia enfrentará “graves consequências econômicas” caso opte pela invasão. A iminência de um ataque militar intensifica a crise de energia na Europa e faz disparar o preço do gás.
🛢️ Preços do petróleo nas alturas – a demanda por petróleo está a caminho de atingir níveis pré-pandemia e a oferta não está dando conta.
Em contexto: Um aumento desmesurado do valor das commodities de energia poderia pressionar ainda mais a inflação, que corrói o poder de compra dos consumidores e prejudica a recuperação econômica
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🟢 As bolsas ontem: Dow (-0,96%), S&P 500 (-0,97%), Nasdaq (-1,15%), Stoxx 600 (+0,23%), Ibovespa (+1,26%)
Na agenda
- EUA: pedidos iniciais de seguro-desemprego
- Relatório sobre os estoques de petróleo bruto do EIA
- Europa: Índice de Preços ao Consumidor (anual), atas de política monetária do BCE
- Decisões de política monetária de países como Indonésia, Malásia, Noruega, Turquia e Ucrânia
- Balanços: Netflix, Union Pacific, American Airlines Group
Sexta, 21
- Reino Unido: Vendas no varejo (dezembro)
- BCE: discurso da presidenta Christine Lagarde
- Europa: Índice de Confiança do Consumidor (janeiro)
- EUA: Índice de Indicadores Antecedentes (dezembro)
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-- Com informações de Bloomberg News