Infecções resistentes a antibióticos mataram mais que HIV em 2019

Infecções do trato respiratório inferior encabeçam a lista de causas de óbitos por resistência ao tratamento

Países da África e Ásia foram os mais afetados
Por Irina Anghel
20 de Janeiro, 2022 | 09:13 AM

Bloomberg — A resistência aos antibióticos matou mais pessoas do que o HIV ou a malária em 2019, pois infecções comuns que antes podiam ser tratadas se tornaram impenetráveis pelas curas existentes.

Infecções bacterianas resistentes a medicamentos levaram diretamente à morte de 1,27 milhão de pessoas e influenciaram quase 5 milhões de óbitos em 2019, segundo análise global publicada na revista médica The Lancet na quinta-feira (20).

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Cientistas alertaram por anos sobre a ameaça de infecções intratáveis que se tornaram resistentes até ao antibiótico mais potente. O estudo, que tentou compilar a primeira contagem abrangente de dados de centenas de países, sugere que as mortes aceleraram em um ritmo mais rápido do que o esperado.

As estimativas anteriores previam 10 milhões de mortes anuais por resistência antimicrobiana até 2050, mas agora sabemos com certeza que já estamos muito mais próximos desse número do que pensávamos”, disse Chris Murray, coautor do estudo e professor do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington. “Esses novos dados revelam a verdadeira escala da resistência antimicrobiana em todo o mundo e são um sinal claro de que devemos agir agora”.

Os cientistas rastrearam mortes relacionadas a 23 patógenos e 88 combinações de patógenos e medicamentos usando dados de 204 países e territórios, de acordo com o artigo.

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A maioria das mortes foi causada por infecções das vias respiratórias inferiores, como pneumonia, que foram diretamente responsáveis por mais de 400 mil mortes. As infecções sanguíneas ficaram logo atrás, sendo responsáveis por cerca de 370 mil mortes, seguidas pelas infecções abdominais, como as causadas por apendicite, que levaram a cerca de 210 mil mortes.

Os países de baixa e média renda foram os mais afetados. A África Subsaariana e o Sul da Ásia tiveram os maiores números de mortes diretas estimadas, com 24 e 22 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente.

Crianças com menos de cinco anos estão mais expostas ao risco, e pesquisadores estimam que elas representem um quinto das mortes relacionadas a infecções resistentes a antibióticos em todo o mundo.

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A pesquisa foi financiada pela Fundação Bill e Melinda Gates e pelo Wellcome Trust, entre outros.

--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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