São Paulo — O conglomerado chinês Tencent Holdings (TCEHY), dona do aplicativo WeChat, adquiriu uma participação relevante de 5,5% das ações ordinárias classe A da empresa brasileira de tecnologia Zenvia (ZENV), fundada por Cassio Bobsin em Porto Alegre (RS), segundo o registro da compra dos papéis no mercado, enviado à SEC (Securities and Exchange Commission), ontem (18). A Zenvia é uma fornecedora de softwares de atendimento e comunicação de empresas em múltiplos canais que abriu capital na Nasdaq em julho do ano passado.
A Zenvia não emitiu comentários públicos sobre a nova posição acionária do investidor minoritário da companhia gaúcha. Ontem, em dia de forte correção negativa na Nasdaq, o papel da Zenvia fechou em forte queda de 4,15%, cotado a US$ 5,77, enquanto o da Tencent caiu 5,14%, a US$ 57,55.
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No dia 22 de julho do ano passado, as ações da Zenvia começaram a ser negociadas na Nasdaq. A companhia levantou US$ 150 milhões com a oferta inicial, a fim de expandir seus negócios, apresentando-se como a primeira “SaaS company” (plataforma de Software as a Service) da América Latina listada na Bolsa tecnológica norte-americana.
Em novembro, a Zenvia divulgou seu resultado financeiro do terceiro trimestre, destacando um aumento de 43,7% na receita líquida, alcançando R$ 163,7 milhões, um crescimento de 24,4% no número de clientes ativos, totalizando 11.302, além de uma alta de 61,5% no lucro bruto ajustado, que chegou a R$ 57,8 milhões. A margem bruta ajustada da companhia registrou expansão de 3,9 pontos percentuais, para 35,3%, considerado pela empresa um patamar recorde desde o primeiro trimestre de 2019.
As operações de M&A (fusões e aquisições) também foram destacadas pela Zenvia, que adquiriu a plataforma D1 e a SenseData, de “customer success management”. Em dezembro, a empresa assinou os contratos definitivos para a aquisição da Movidesk, sua segunda aquisição pós-IPO (primeira foi a SenseData) e a 10ª da companhia em pouco mais de 18 anos.
A presença de empresas chinesas no capital de companhias brasileiras é crescente. No ano passado, por exemplo, a Dotz, administradora de programas de fidelidade e de contas digitais, ganhou um sócio de peso, o Ant Group, do chinês Jack Ma, dono do portal de vendas online Alibaba. Em abril do passado, as duas companhias anunciaram acordo de compra de uma participação de 5% da empresa brasileira.
No comércio eletrônico, as varejistas brasileiras como Magazine Luíza e Via sofrem com a competição chinesa liderada pelo grupo Alibaba com sua plataforma AliExpress. No setor de telefonia móvel, a Xiaomi, segunda maior fabricante de smartphone do mundo, também anunciou, no ano passado, uma estratégia de expansão de suas unidades no Brasil.
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