Bloomberg — O banco central da China prometeu usar mais ferramentas de política monetária para estimular a economia e o crédito. A instituição deu o sinal mais claro até agora de um viés de flexibilização para aumentar a confiança do mercado.
O Banco Popular da China vai “abrir mais a caixa de ferramentas de política monetária, manter a oferta de moeda estável e evitar um colapso no crédito”, declarou o vice-presidente da instituição, Liu Guoqiang, durante entrevista coletiva na terça-feira (18).
O banco central vai introduzir mais programas para estabilizar o crescimento econômico, antecipar ações e implementar medidas preventivas, afirmou ele, acrescentando que as preocupações do mercado serão tratadas em tempo hábil.
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Os comentários vieram um dia após o banco central cortar a taxa básica de juros pela primeira vez em quase dois anos e reforçaram um claro viés de flexibilização, ressaltando que as autoridades estão empenhadas em apoiar o crescimento em um ano de transição política. A piora acentuada no mercado imobiliário pressiona a economia e os mercados de crédito, forçando o governo a aumentar o apoio para garantir a estabilidade.
O banco central “enviou em alto e bom som um sinal de flexibilização na entrevista coletiva de hoje, em um momento em que as autoridades tentam guiar as expectativas do mercado”, escreveram economistas do Goldman Sachs liderados por Maggie Wei em nota divulgada na terça-feira.
As observações de Liu sugerem que a taxa de referência para empréstimos bancários provavelmente será reduzida na quinta-feira (20) e que o depósito compulsório pode diminuir se o crescimento ficar abaixo do previsto, segundo o relatório. O Goldman agora espera um corte de 0,50 ponto percentual na alíquota de depósito compulsório no primeiro trimestre e um corte adicional de 0,10 ponto percentual na taxa básica de juros no segundo trimestre.
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Outros economistas também esperam que os bancos chineses reduzam a taxa de referência para empréstimos na quinta-feira, após a decisão da autoridade monetária na segunda-feira. A taxa se baseia nas cotações oferecidas por 18 bancos a seus melhores clientes e é impactada por diversos fatores, como custos de captação, oferta e demanda no mercado e prêmios de risco, segundo Liu. Esta semana, a redução na taxa básica de juros – que abrange linhas de financiamento de médio prazo — provocou a queda nas taxas dos mercados de renda fixa e recursos de curto prazo, acrescentou ele.
O comentário do vice-presidente do banco central, Liu Guoqiang, sobre “evitar o colapso no crescimento do crédito” foi um sinal claro de que a instituição intensificará esforços para estabilizar a expansão do crédito diante de uma considerável pressão negativa, particularmente com as dificuldades financeiras enfrentadas pelas incorporadoras imobiliárias, diz Eric Zhu, economista para a China Bloomberg Economics.
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