Bloomberg Línea — A Agrolend, fintech brasileira que espera criar um “Nubank para agricultores”, encerrou uma rodada da Série A de US$ 14 milhões liderada pela Valor Capital e com participação da Continental Grain Company, SP Ventures, Provence Ventures e Barn Invest. A empresa também levantou US$ 7 milhões em financiamento de dívida.
Fundada pelos irmãos André e Alan Glezer, ambos com ampla experiência no mercado financeiro, a Agrolend trabalha com varejistas do setor agrícola para oferecer crédito aos agricultores por meio de um aplicativo.
André se deparou com o problema de acesso ao crédito por parte dos agricultores quando trabalhava na área de private equity no setor de alimentos e agricultura. O grupo para o qual trabalhava buscava consolidar os mais de 9 mil varejistas agrícolas diversos no Brasil. Mas no meio do caminho, André percebeu outro problema no setor.
“Ficou claro para mim que a maior oportunidade era criar um banco para agricultores”, disse ele. A agricultura é um setor enorme no Brasil, mas os agricultores não são um grupo que tradicionalmente recebe financiamento dos grandes bancos, e as aspirantes a startups estão começando a notar. Na semana passada escrevi sobre a TerraMagna, outra startup brasileira que lida com o problema do crédito ao agricultor. A empresa levantou US$ 40 milhões em uma rodada liderada pelo SoftBank.
Como funciona
A Agrolend adota a abordagem do Nubank para o setor bancário, tornando o processo simples, rápido e seguro.
“Os agricultores podem pedir um empréstimo por meio de um aplicativo – leva cerca de 90 segundos – e, em 5 a 10 minutos, podemos dizer ao agricultor se o empréstimo foi aprovado e o contrato é enviado via WhatsApp”, disse André, CEO e cofundador da Agrolend.
A tecnologia é frequentemente elogiada por trazer eficiência a setores que antes eram complicados, e a área de serviços financeiros definitivamente é um deles.
“Nosso produto está economizando tempo porque nossa solução não tem burocracia. Estamos economizando tempo para pessoas que são muito produtivas”, disse Alan.
Para poder escalar rapidamente, a Agrolend trabalha com varejistas que “vendem” o serviço em seu nome. O dinheiro é enviado diretamente ao varejista, e o agricultor pode então usar esse dinheiro para comprar mercadorias apenas do varejista em questão. Para garantir que os varejistas ofereçam a Agrolend apenas aos agricultores em quem confiam, eles precisam garantir 50% do empréstimo.
“Em termos de risco do produto, acreditamos que temos um risco mais baixo se não dermos o dinheiro diretamente ao agricultor”, disse Alan, CFO e cofundador da Agrolend. “Assim, sabemos que estão usando o dinheiro com responsabilidade e para o que foi destinado”, acrescentou.
A Agrolend paga ao varejista uma comissão por cada empréstimo garantido, e o valor é pago de volta, contou Alan.
Essa estrutura sofisticada dá segurança à Agrolend ao mesmo tempo em que permite que a empresa escale rapidamente, pois esta não precisa entrar em contato com cada agricultor individualmente e pode acessar a base de clientes existente dos varejistas. A empresa foi lançada em abril de 2021 e já possui clientes em mais de 100 cidades em 11 estados brasileiros.
“Estamos presentes em todas as regiões e em todas as culturas, então somos um negócio muito diversificado”, disse André.
Os irmãos, que também contam com outros cofundadores, incluindo Valéria Bonadio, Leopoldo Vettor e Carlos Fagundes, fizeram questão de diversificar de várias formas para reduzir o risco. Como o Brasil é um país tão grande, “também podemos mitigar o risco climático e meteorológico”, disse Alan, ressaltando que eles também diversificam em termos de safras.
A empresa tem 15 funcionários em tempo integral e planeja usar o dinheiro da rodada para aumentar a equipe para 50 membros até o final do ano, aumentar a carteira de crédito e desenvolver ainda mais a plataforma e seu modelo de crédito.
--Esta notícia foi traduzida por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
Leia também