Nasdaq derrete 2,6% com ‘sell-off’ de tech e escalada de yields

Os títulos do Tesouro dos EUA caíram ao longo da curva, elevando os rendimentos a níveis vistos pela última vez antes da pandemia

Rotação de carteiras derruba ações de tecnologia
Por Abigail Moses e Vildana Hajric
18 de Janeiro, 2022 | 06:11 PM
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Bloomberg — Os mercados de ações terminaram o dia com fortes perdas nesta terça nos EUA com a escalada nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA em meio à preocupação de que os bancos centrais terão que aumentar as taxas de juros mais cedo do que o esperado.

Todos, exceto um dos 11 grupos de ações no S&P 500 (SPX) caíram, enquanto o Dow Jones Industrial Average (INDU) recuou para o nível mais baixo desde novembro. O Nasdaq 100 (NDX), referência no setor de tecnologia, desabou mais de 2,5% arrastado pelas perdas de Apple Inc. (AAPL) e Meta Plataforma Inc. (FB). Os preços mais altos do petróleo ajudaram a sustentar as ações do segmento de energia.

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Os títulos do Tesouro dos EUA caíram ao longo da curva, elevando os rendimentos a níveis vistos pela última vez antes da pandemia perturbar os mercados. Os movimentos observados em outros países, com os rendimentos de referência alemães subindo para um ponto-base de se tornarem positivos pela primeira vez desde maio de 2019.

As receitas com trading mais fracas do que o esperado do Goldman Sachs Group Inc. (GS) no quarto trimestre pesa sobre as ações de bancos, enquanto os papéis da Microsoft Inc. (MSFT) recuam depois de anunciar um acordo de US$ 68,7 bilhões para comprar a Activision Blizzard Inc. (ATVI).

“As taxas de juros mais altas virão para ficar e isso deve levar em consideração as decisões de todos – não apenas aqueles que estão emprestando capital, mas principalmente em termos de avaliações”, disse Julie Biel, gerente de portfólio e analista sênior de pesquisa da Kayne Anderson Rudnick, à Bloomberg TV. “Então, ações de tecnologia orientadas por narrativas supervalorizadas continuarão a sofrer.”

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Um indicador da indústria do estado de Nova York caiu em janeiro, com encomendas e remessas recuando acentuadamente, sugerindo que a variante ômicron do coronavírus causou uma retração na atividade. Enquanto isso, o petróleo Brent atingiu o nível mais alto em sete anos, ressaltando os desafios inflacionários enfrentados pelo Federal Reserve.

Rotação de carteiras

As ações globais tiveram um início de ano volátil, com os investidores mudando de setores mais caros e sensíveis a taxas, como tecnologia, por ações mais baratas, chamadas de valor. A pesquisa com gerentes de fundos globais do Bank of America (BAC) em janeiro mostrou que a alocação líquida para o setor de tecnologia caiu 20% mês a mês, para 1%, o menor desde 2008, embora eles esperem que a inflação caia este ano e estejam fazendo apostas recordes em um boom de commodities e ações em geral.

“Embora os rendimentos crescentes dos títulos estejam desafiando todo o setor de tecnologia, os investidores devem distinguir entre empresas ainda sem lucro, que estão muito longe de demonstrar um ganho saudável, e companhias de tecnologia de mega capitalização, que podem defender suas margens”, disse Seema Shah, estrategista-chefe da Principal Global Investors, aos investidores.

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Um indicador do dólar subiu em relação a outras moedas. O iene caiu inicialmente depois que o Banco do Japão manteve a política monetária ao mesmo tempo em que aumentava sua projeção de inflação.

O que acompanhar esa semana:

  • Goldman Sachs (GS), Morgan Stanley (MS), Bank of America (BAC), UnitedHealth Group (UNH) e Netflix (NFLX) estão entre as empresas que divulgaram lucros durante a semana;
  • EUA: indicador de indústria do Empire State, na terça; construção de novas casas, na quarta; pedidos de seguro-desemprego, na quinta-feira;
  • política monetária na Indonésia, Malásia, Noruega, Turquia e Ucrânia, quinta-feira;
  • Relatório de estoques de petróleo bruto da EIA, quinta-feira;

Alguns dos principais movimentos nos mercados:

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Ações

  • O índice S&P 500 (SPX) terminou o dia com baixa de 1,8% em Nova York;
  • O Nasdaq 100 (SDX) caiu 2,6%;
  • O Dow Jones Industrial (INDU) recuou 1,5%;
  • O índice MSCI World (MXWO) teve subiu 0,1%;

Moedas

  • O Bloomberg Dollar Spot Index (DXY) subiu 0,4%;
  • O euro (EUR) recuou 0,8% para US$ 1,1321;
  • O iene japonês (JPY) operou estável em 114,63 por dólar;

Renda fixa

  • O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos (GT10) avançaram oito pontos-base para 1,87%;

Commodities

  • O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) subiu 2,4%, para US$ 85,86 o barril;
  • O ouro (XAU) caiu 0,1%, negociado a US$ 1.811,30 a onça.

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