China e Colômbia aumentam compras de café do Brasil

País já tem uma de cada 13 doses consumidas no mercado doméstico e atende mais da metade da demanda colombiana

Brasil vendeu menos em 2021, mas ampliou embarques para China e Colômbia
18 de Janeiro, 2022 | 04:06 PM

Bloomberg Línea — Existe uma máxima na cadeia do café que diz que no dia que cada chinês consumir uma xícara de café o mundo não terá produto suficiente para atender a demanda. De fato, a preferência na China segue sendo o chá, mas, aos poucos, o café vem ganhando mais adeptos.

O país já figura entre os dez maiores consumidores do mundo e tem um dos mais acelerados ritmos de crescimento. Enquanto o consumo do mundo cresceu 2,8% nos últimos cinco anos, na China, o aumento foi de 45% no mesmo período.

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E o Brasil se aproveitou desse contexto em 2021. No ano que as exportações nacionais recuaram 9,7% e somaram 40,3 milhões de toneladas, os embarques para a China aumentaram 65%. O volume de 309,7 mil toneladas ainda é tímido perto das compras realizadas pelos maiores clientes do Brasil, porém, é consideravelmente superior às 187,6 mil sacas importadas em 2020.

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Na prática, o café brasileiro quase dobrou em apenas um ano sua presença no mercado chinês, mesmo com outros importantes fornecedores tendo uma posição logística mais favorável, caso do Vietnã, Indonésia e Índia. De todo o café consumido na China em 2020, apenas 4,5% foi fornecido pelo Brasil. No ano passado, essa fatia cresceu para 7,4%.

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Mas o sucesso do café brasileiro não fica restrito aos países que não produzem o grão. Terceiro maior produtor e exportador do mundo, a Colômbia foi o país que mais aumentou as importações de café do Brasil no ano passado. Os embarques para o vizinho da América Latina chegaram a 1,15 milhão de sacas, um incremento de 289,5 mil sacas sobre as 868,1 mil sacas vendidas em 2020.

O consumo doméstico da Colômbia é pouco superior a 2 milhões de sacas por ano (metade do consumo chinês). Com isso, o Brasil já é responsável por atender mais da metade do café consumido dentro das fronteiras colombianas. A estratégia do vizinho da América Latina é exportar a maior parte de sua produção, muito valorizada no mercado internacional, especialmente nos Estados Unidos, e abastecer o mercado doméstico com um produto mais barato, no caso, o brasileiro.

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O aumento do interesse de Colômbia e China pelo café do Brasil no ano passado, no entanto, não foi uma realidade para os demais países. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram que os principais clientes brasileiros reduziram suas compras. Em termos absolutos, a maior redução veio da Alemanha. Segundo maior destino das exportações nacionais, o país europeu importou 6,5 milhões de sacas de café do Brasil no ano passado, pouco mais de um milhão a menos que o volume de 2020.

Para Nicolas Rueda, presidente do Cecafé, os gargalos logísticos no comércio marítimo mundial impactaram o resultado final. “Observamos uma melhora no fluxo dos embarques em dezembro. Ainda assim, projetamos que o Brasil deixou de exportar cerca de 3 milhões de sacas e de receber aproximadamente US$ 465 milhões em receita”, estima Rueda. Apesar do menor volume exportado no ano passado, o desempenho das exportações foi o terceiro melhor da história.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.