Aéreas alertam para interrupções ‘catastróficas’ com 5G nos EUA

Companhia aéreas estão preocupadas que os sinais possam interferir nos instrumentos que medem a altitude de uma aeronave

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Bloomberg — Uma associação comercial que representa as principais companhias aéreas dos Estados Unidos pediu ao secretário de Transportes, Pete Buttigieg, e aos principais reguladores de comunicações e aviação do país que impeçam as operadoras de telefonia móvel de implementarem serviços 5G perto de aeroportos.

A Airlines for America alertou em uma carta, na segunda-feira (17), que o público de viagem e transporte poderia sofrer “interrupções catastróficas” se as novas frequências da banda C fossem colocadas em serviço dentro de duas milhas de onde as aeronaves voam. A associação disse estar disposta a trabalhar com o governo e as operadoras para encontrar uma solução mutuamente aceitável.

Veja mais: Setor aéreo dos EUA cita riscos e pede adiamento do 5G

As operadoras de telefonia móvel, incluindo a AT&T e a Verizon chegaram a um acordo com reguladores federais no início deste mês para lançar o novo serviço em 19 de janeiro. As companhias aéreas estão preocupadas que os sinais possam interferir nos instrumentos que medem a altitude de uma aeronave, após a Administração Federal de Aviação ter limitado certos voos que pousam perto de torres 5G.

Em um memorando para a equipe, ao qual a Bloomberg News teve acesso, o CEO da JetBlue Airways, Robin Hayes, disse que a companhia aérea enfrenta “o potencial de interrupções significativas nos voos a partir de quarta-feira (19), o que irá estressar ainda mais nosso já frágil sistema aéreo e atrapalhar o público que viaja”.

Hayes disse que havia pouquíssima transparência até recentemente nos dados por trás da decisão de implantar o 5G perto de aeroportos e que as preocupações aumentaram sobre uma possível interferência nos equipamentos das aeronaves. A medida pode atrasar a recuperação do setor de aviação dos efeitos da pandemia, disse ele.

A FAA concedeu aprovações no domingo (16), que permitirão que alguns jatos operem em zonas onde novos serviços sem fio 5G estão sendo usados, reduzindo significativamente o impacto potencial nos horários dos voos. A decisão permite pousos com baixa visibilidade em até 48 dos 88 aeroportos dos EUA com equipamentos para esses pousos, disse a FAA.

No entanto, a análise está em andamento e a maioria dos aviões, incluindo os 777 e 787 da Boeing, ainda estão sujeitos a limitações, o que significa que algum nível de interrupções é provável.

Europa, Ásia

As empresas de telefonia lançaram sistemas 5G na Europa e na Ásia sem interrupções nos voos. Depois que a FAA levantou preocupações em dezembro, a Agência de Segurança da Aviação da União Europeia disse que não havia notado nenhuma interferência na região que afetasse a segurança dos voos, mas informou que monitoraria a situação. A UE solicitou às operadoras que se mantivessem em alerta e sugeriu que níveis mais altos de potência podem ser um fator a ser considerado nos EUA.

“Estou muito chocado ao ver a reação das companhias aéreas dos EUA no último momento”, disse Rohan Dhamija, sócio-gerente da Analysys Mason, que trabalha em Dubai e Nova Délhi. A “banda C” de 3,5 GHz “foi alocada após muitos testes e depois de garantir adequadamente que não há interferência com mais nada”.

Atraso de lançamento?

Dois parlamentares dos EUA - Peter DeFazio, presidente do Comitê de Transporte e Infraestrutura da Câmara, e Rick Larsen, presidente do Subcomitê de Aviação - se uniram às companhias aéreas na segunda-feira (17), na tentativa de convencer os reguladores a adiar a implementação.

“Devemos dar à FAA e à indústria da aviação mais tempo para avaliar minuciosamente os riscos da implantação, a fim de evitar interrupções potencialmente desastrosas em nosso sistema nacional de espaço aéreo”, escreveram os dois democratas em uma carta.

A Reuters informou na segunda-feira (17) sobre a carta da Airlines for America, que representa transportadoras como a American Airlines e a United Airlines, bem como operadoras de carga como a FedEx.

– Com a colaboração de Mary Schlangenstein e Anurag Kotoky.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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