População da China diminui, com o menor número de nascimentos desde 1950

Taxa de natalidade, ou o número de recém-nascidos por 1.000 pessoas, caiu para 7,52 no ano passado, o nível mais baixo desde 1978.

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Bloomberg — A crise populacional da China continuou a piorar em 2021, com os números mais recentes de nascimentos caindo novamente, apesar dos esforços do governo para incentivar as famílias a terem mais filhos.

10,62 milhões de bebês nasceram na China no ano passado, abaixo dos 12 milhões em 2020, segundo dados divulgados pelo National Statistics Bureau, na segunda-feira (17). Esse é o menor número de nascimentos desde pelo menos 1950, segundo cálculos baseados em dados oficiais. A taxa de natalidade, ou o número de recém-nascidos por 1.000 pessoas, caiu para 7,52 no ano passado, o nível mais baixo desde pelo menos 1978.

A queda vertiginosa no número de novos bebês significa que a população da maior nação do mundo provavelmente começará a encolher ainda mais cedo do que o esperado. Houve algumas previsões de que poderia começar neste ano, mas os 10,1 milhões de mortes foram ligeiramente inferiores aos nascimentos, adiando esse marco por mais algum tempo.

A queda no número de mulheres em idade fértil, a mudança de atitudes em relação à criação dos filhos e o impacto da covid contribuíram para a diminuição dos nascimentos, disse Ning Jizhe, chefe do Departamento Nacional de Estatísticas, em uma coletiva de imprensa em Pequim, na segunda-feira (17). No entanto, a população continuará em torno de 1,4 bilhão de pessoas, com a expectativa de cerca de 10 milhões de recém-nascidos por ano nos próximos anos, disse ele, à medida que a nova política de três filhos entrar em vigor gradualmente.

Havia 1,41 bilhão de chineses na China continental no final do ano passado, um aumento de 480.000 em relação ao nível no final de 2020. Desses, 62,5% estavam em idade ativa, que a China define como pessoas de 16 a 59 anos, que ficou abaixo dos mais de 70% durante toda uma década, destacando os desafios que o país enfrenta à medida que sua população envelhece.

A contagem exclui os cidadãos estrangeiros na China e as populações de Hong Kong, Macau e Taiwan.

Na semana passada, um economista polêmico foi banido da plataforma chinesa Weibo, semelhante ao Twitter, depois de pedir ao banco central que imprima 2 trilhões de yuans (US$ 314 bilhões) por ano durante uma década para ajudar a aumentar a taxa de fertilidade. Ren Zeping, ex-economista-chefe do China Evergrande Group, passou a argumentar em um artigo que as mulheres nascidas entre 1975 e 1985 deveriam ser o grupo focal para a gravidez, já que as nascidas a partir da década de 1990 nem estão dispostas a se casar.

Embora tais comentários tenham sido amplamente criticados como sensacionalistas, os comentários de Ren podem ter lançado alguma luz sobre os desafios enfrentados pelas autoridades. Décadas de controles de natalidade rigorosos, um despertar feminista e as incertezas da persistente pandemia de covid-19 mudaram as atitudes das gerações mais jovens em relação à vida familiar.

Pequim luta há anos para conter a queda na taxa de natalidade do país. Embora a flexibilização da rigorosa política de filho único, em 2013, e a permissão para que cada família tenha dois filhos, em 2016, tenham levado a um pequeno aumento nos nascimentos, o efeito foi temporário. Depois que os nascimentos em 2020 caíram para o nível mais baixo desde 1961, as autoridades chinesas efetivamente suspenderam todas as restrições ao número de filhos que as famílias podem ter.

Existem agora vários esforços para facilitar a natalidade, incluindo tornar a educação mais barata, eliminando a indústria de aulas particulares com fins lucrativos, emissão de uma nova diretriz para reduzir os abortos e até mesmo a revisão de uma lei de décadas arás criada para oferecer maior proteção aos direitos das mulheres.

Os governos regionais em todo o país também tomaram medidas. No final de novembro, pelo menos 20 províncias apresentaram suas próprias medidas para aumentar a fertilidade, de acordo com a agência de notícias oficial Xinhua, desde estender licença maternidade e paternidade até oferecer subsídios e empréstimos para pais que desejam ter filhos.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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